Capítulo 21

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A primeira coisa que senti foi a dor, não como uma dor comum, mas algo que ardia dentro de mim, de algum lugar do meu corpo até as minhas narinas, ardia como se alguém me queimasse por dentro, ou como se saísse fogo do meu nariz.

A segunda coisa que senti foi a água salgada na minha boca e garganta, elas me fizeram respirar com dificuldade e acabar engasgando, foi nesse instante que abri os olhos para cuspir o que estava dentro de mim, e agora até a minha boca ardia, como se eu tivesse pequenos machucados dentro de mim e alguém jogasse suco de limão neles.

Estava claro, mas eu vi nuvens no céu e o sol desaparecendo, o que significava que logo a noite chegaria, mas o que eu não entendi é o que eu estava fazendo deitada na praia.

A última coisa que eu lembrava era de estar dentro do mar, afogando, e agora estou na praia, a areia por todo o meu corpo, mas eu ainda estava encharcada, o que significava que o que eu lembrava era verdade.

Eu estava no mar, mas eu não nadei até a praia, então como eu vim parar aqui? As ondas não podiam me carregar. Olhei ao redor procurando por alguém, alguém que tenha me resgastado, mas seria impossível, ninguém conseguiria nadar tanto, ir até o fundo do mar e ainda me carregar até a costa. Mas não havia ninguém, eu estava sozinha, cercada de areia e do mar, ao fundo eu vi enormes árvores e algumas rochas.

Mais uma vez engasguei com água e me virei de barriga para baixo, sentindo tudo dentro de mim sair direto da minha garganta. Tossi até que provavelmente toda a água saísse da minha garganta, agora a ardência era ainda maior e não havia nada que eu pudesse fazer para melhorar.

- Mila!- ouvi um grito e logo vários atrás desse.- Camila!- um burburinho começou.

Voltei a deitar ainda sentindo o meu pulmão arder, eu arfava e procurava por ar, encostei a cabeça na areia enquanto ainda ouvia os gritos altos que às vezes eram abafados, como se tivesse algo tapando os meus tímpanos. Abri os olhos e vi dois olhos castanhos marejados me encararem.

- Puta que pariu! Eu pensei que você estivesse no mar.- era Dinah e seu sorriso era enorme, mas eu ainda estava tentando analisar isso, seria tudo isso verdade? Ou eu morri e estou vivendo uma vida paralela onde eu sobrevivo? Não seria possível essa segunda hipótese, mas então como eu sobrevivi.

- Camila!- e mais dois olhos castanhos surgem, é Verônica que também carrega um grande sorriso.- Como você…com você chegou até aqui?- as duas olharam ao redor como se procurassem a resposta pela praia, mas como eu não encontraram.

Apoiei-me nos cotovelos e olhei para Alexa, a cozinheira, Jasmine e mais duas da minha tripulação que me encaravam incrédulas e ao mesmo alegres.

- Onde estão as outras?- perguntei olhando pela praia vazia.

Dinah me puxou para um abraço, o que me assustou, fiquei sem reação enquanto ela me envolvia em seus braços.

- Estou tão feliz que está viva, sua vaca, não consigo acreditar que me empurrou.- e começou a chorar e rir no meu ombro, passei os braços por ela e abri um sorriso.

- Dinah, eu não sei o que aconteceu.- digo com esse sentimento ainda me perturbando.

Ela me solta de seu abraço e me encara nos olhos.

- Como assim?- pergunta limpando as lágrimas.

- Como eu vim parar aqui?- pergunto e vejo ela se assustar junto com as outras que ouviram ao redor.

- Você não veio nadando?- é a vez de Verônica perguntar, ela se ajoelha para se aproximar de mim e segura em meus ombros, me dando apoio para levantar.

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