Capítulo 16

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Sai do quarto de Dinah depois de um tempo pensando no que aconteceu, ao passar pelo corredor esbarrei em alguém que andava distraído.

- Ai- choramingou.

- Me desculpa…- olhei para ver quem era e vi Verônica se segurando em um dos barris do corredor apertado- Oh Vero! Não te vi.

Estiquei minha mão para ajudá-la a se levantar, ela sorriu e negou com a cabeça de forma gentil.

- Não foi nada Capitã.- abri um meio sorriso para ela e fiz menção de ir embora, ela impediu.- Camila.

- Sim?- perguntei olhando ela de lado.

- Podemos conversar?- perguntou, ela parecia aflita e isso me preocupou.

- Claro, aconteceu alguma coisa?- minha ansiedade subiu ao peito, eu não estava pronta para novidades ruins.

Verônica olhou ao redor como se estivéssemos sendo vigiadas, isso me assustou.

- Não aqui.- ela sussurrou.- Não quero que ninguém ouça nossa conversa.

Concordei com a cabeça enquanto meu coração apertava, o que era tão sério que Verônica deveria me contar em sigilo?

Fiz um movimento com a cabeça que indicava que deveríamos subir as escadas, ela concordou e logo estávamos à caminho da minha cabine, fechei a porta depois que ela entrou.

Verônica parecia tensa o que me deixava ainda mais nervosa, sentei-me em minha cadeira e ofereci a ela um lugar à minha frente, sem hesitar ela se sentou e encarou a mesa.

- É bonita.- e passou a mão pela madeira.

- Era do meu pai.- comentei sem muito ânimo, eu queria que ela fosse direto ao assunto.

- Claro, esse navio era dele.- ela parecia querer amenizar a situação, bom, não estava funcionando.

- Era.

Verônica me encarou e concordou com a cabeça abaixando o olhar, nunca a vi desse jeito.

- Vai parecer bobagem o que eu vim dizer…

Ela começou e eu suspirei, pousei meu braço sobre a mesa, cotovelos me apoiando e as pontas dos dedos unidos formando um tipo de torre.

- Verônica, você me deixou preocupada, estamos passando por um momento difícil e agora realmente não é o momento para coisas banais.

- Camila eu não sou uma criança, não haja como se eu não visse o que está acontecendo.- as palavras dela me atingiram de uma vez e eu fiquei boquiaberta.- Eu só tenho receio em dizer o que eu tenho para dizer porque não sei se você ouviria.

- Verônica, eu estou aqui para te ouvir, independente do que seja.

Ela me encarou e leu o meu rosto com o olhar.

- Lembra do dia que encontramos a naúfraga?- perguntou e eu me inclinei para frente, agora eu estava curiosa.

- Lembro.

- Eu estava na proa do navio, naquele dia eu revezava com Celia para cuidar do cesto.- concordei com a cabeça enquanto ouvia com atenção seu relato.- E eu ouvi uma coisa.

Ela mordeu o lábio e ficou por alguns instantes pensativa, tentei ser paciente e esperar.

- De início eu pensei que fosse Lucy…nós sempre fomos bem unidas e de vez em quando ela cantava para mim, então eu olhei para trás, a pessoa mais perto de mim era Normani e ela cuidava de alguns barris, mesmo assim ela ainda estava longe e estava quieta.

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