Capítulo 40

900 110 2
                                    

Eu corri o quanto eu podia, sem olhar para trás, o meu corpo doía e eu sabia que eu não aguentaria mais por tanto tempo.

- Camila!- olhei para Dinah que estava a alguns metros de mim, ao ver sua expressão ela parecia completamente assustada e abriu os braços.

Nos encontramos e ela me segurou em seu abraço, eu estava perdida emocionalmente, não sabia o que sentir ou como reagir, ela me segurava forte como se não quisesse que eu escapasse e eu apoiei a cabeça em seu ombro. Eu só queria ficar ali por um tempo, me sentir confortável.

- Você está bem?- pergunta com um tom baixo e suave para mim.

Murmuro algo incompreensível porque não tenho capacidade de dizer mais nada.

- O que ela queria com você?- a mais alta inicia um carinho no meu cabelo molhado.

- Nada.- respondo.- Me leve até o navio, quero voltar para casa.

Dinah solta os braços ao redor de mim e segura em minha mão, ela abre um sorriso, seu olhar é atencioso sobre o meu.

- Vai ficar tudo bem.- e passa a mão livre pelo contorno do meu rosto me fazendo abrir um sorriso leve, concordo com a cabeça e ela estende a outra mão para eu usa-la de apoio.

Caminhamos juntas uma do lado da outra em direção ao navio, por um breve instante eu olho para trás e meu coração aperta quando não vejo nada.

Eu também não esperava que ela ficasse ali.

(…)

Já estava na minha cabine e era de noite, as velas no navio estavam içadas e nós seguiamos viagem de volta ao continente, de volta para casa.

Por dentro o navio era igual como sempre foi e a minha cabine não tinha nada de diferente, era bom olhar para o estado dele assim e imaginar que nada daquilo aconteceu, como se nenhuma sereia nunca tivesse entrado nesse navio, como se nenhum navio fantasma tivesse nos atacado e nos afundado.

A única lembrança eram os ferimentos que doíam como o inferno, Lucy que era uma das únicas que podia andar tranquilamente, cuidava absolutamente de todas, e de vez em quando ela passava na minha cabine para ver se estava tudo bem.

Dei a liberdade a ela de usar todos e quaisquer produtos e tecidos que ela precisasse para ajudar as mulheres, ela o fez, com muita dedicação. Eu a via andar de um lado para outro carregando tudo o que precisava, indo de quarto em quarto, perguntei como estava Verônica, já que eu não podia sair da cabine para ver pessoalmente, ela me disse que a situação dela era pior que a minha, nem consigo imaginar o que ela está passando agora.

E em uma conversa privada na minha cabine, Lucy me pediu desculpas.

- Eu não sabia onde estava com a cabeça quando eu segui ela.- ela passava um pano com álcool na minha perna.

- Não tem problema, ela sabe fazer as pessoas fazerem o que ela quer.- respondo e solto um gemido de dor, ela para de limpar e pega uma agulha e linha para dar pontos ao machucado. Uso a gola da minha blusa para morder ao sentir a dor horrível de ser costurada.

- Não era bem isso, Vero estava estranha, eu pensava que você não estivesse bem para cuidar do navio…acho que foi esse poder de sereia.- ela revira os olhos- Não imaginava que elas existiam, mas quando a vi na praia indo te salvar…fiquei sem reação.

- Me salvar?- tento me lembrar das vezes que Lauren me salvou e depois me jogou a deriva.

- Sim, Dinah pediu, depois disso ela se transformou ao entrar no mar, todas nós ficamos surpresas, sem reação alguma.

A SEREIAOnde histórias criam vida. Descubra agora