Capítulo 5 - MEU MOMENTO DE ATACAR

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Volto a Toca dos Semideuses no sábado e os NERDS decidem que eu devo ficar a par dos lançamentos musicais do tempo em que estive "fora do ar" — é assim que Samuel define, na maior naturalidade, o tempo em que eu fiquei de coma. E sinceramente eu gosto.

Eduardo parece não gostar muito da aula intensiva de Beyoncé, Lana Del Rey, Katy Perry, Taylor Swift e tantas outras cantoras POP que nem consigo me lembrar. Algumas dessas músicas eu tenho certeza que foram lançadas quando eu ainda não tinha sofrido o acidente, mas decido não falar nada; seria difícil montar uma playlist se eu tivesse que ouvir todas as músicas para saber se já as conhecia.

No domingo eu levo o livro que eles me emprestaram porque é dia de conversa sobre lançamentos e estreias, mas eles me garantiram que a conversa não duraria muito e seria bom se eu corresse para avançar na leitura.

O fato é que eles passam três horas conversando e no fim eu já não sei o que é livro, filme, continuação ou algo lançado no semestre passado e que merece ser citado na conversa. No fim eu só entendi de verdade que haverá um lançamento de um livro do autor de Percy Jackson nesse semestre e que eles não podem perder de qualquer forma.

No fim todo mundo vai pra cozinha — sim, tem uma cozinha (e um banheiro) na Toca — e Denis começa a preparar umas panquecas. Pelo que os garotos falam, Denis é apaixonado por cozinhar, o que é muito bom para eles. Para nós! Preciso me acostumar.

Falta pouco menos de uma hora para eu ir embora — a minha mãe estava lá na casa do Eduardo com o pai dele — quando me sento no pufe ao lado de Nicolas e ele me diz que eu devo começar a ler ao livro. Ele pega uma revista em quadrinhos a abre e eu vejo que na capa estava escrita "Hellblazer" e logo acima "Jhon Constantine" — acho que já assisti um filme desse cara.

Começo a ler o livro do Percy Jackson e fico surpreso porque eu realmente gosto! Eu fico tão preso à leitura que quando minha mãe vem me chamar para irmos embora, eu fico ansioso para chegar em casa e continuar a leitura.

Por causa desse livro, vou dormir tarde nessa noite.

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É segunda-feira e estou contando os minutos para a hora do intervalo e a única coisa que consigo pensar direito é que eu deveria ter ido ao banheiro antes de sair de casa porque agora estou quase fazendo xixi na roupa.

Quando o sinal do fim do terceiro tempo toca, é quase como se eu ouvisse uma melodia vinda dos céus.

Empurro a mesa e me levanto e na hora sinto o olhar dos NERDS para mim.

— Onde você tá indo? — Denis pergunta, me encarando.

— Ao banheiro — digo. — Eu meio que to muito apertado.

Os cinco garotos se encaram e começam a se levantar — exceto Eduardo.

— O que vocês estão fazendo? — Ele pergunta, olhando para os amigos.

— Acompanhando o José! — Samuel diz. — É a regra número um, você se esqueceu?!

Eduardo abre a boca para dizer algo, mas logo a fecha e se levanta também.

— Vocês não precisam me acompanhar, sério. — Digo. — Eu vou rapidinho. — Eles olham para a minha muleta. — O mais rápido que eu puder.

Eles riem.

— É uma das regras, você não pode recusar! — Rafaela fala.

Saímos da sala em comitiva e percebo que eles olham para os lados. Como se estivéssemos na selva e esperassem que a qualquer momento fosse aparecer um animal selvagem para nos atacar.

José e os NERDS Contra o MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora