Capítulo 7 - A RESPOSTA

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— Acho que você vai poder deixar a muleta de lado antes do que eu esperava. — Ananda diz enquanto eu calço meu tênis após o fim da nossa sessão de terça-feira. — Continue andando em casa sem usá-la, como você tem feito, e logo estará andando por aí sem um escoro!

— Isso é música para os meus ouvidos! — Digo brincando e então me despeço dela.

Tio Carlos está saindo do banheiro na hora que eu saio do consultório.

— Pronto? — Ele diz e eu assinto com a cabeça.

Minha mãe não me trouxe porque disse que precisava ficar em casa para resolver alguns assuntos. Acho que ela tá pensando sobre a proposta de emprego, e ela sempre amou ficar sozinha para pensar.

Meu telefone toca quando estamos a um quarteirão da casa de Eduardo. O tiro rapidamente do bolso e sinto meu coração acelerar quando vejo que é uma mensagem de Pedro. Rapidamente clico em abrir.

Parabéns, somos colegas de trabalho agora!

Você começa amanhã.

Ps.: Nunca comente com nossa chefe que eu

não fiz a entrevista com você!

Sinto vontade de gritar de tanta felicidade. Não acredito que meu plano deu certo. Pelo menos metade dele, ainda preciso convencer minha mãe que essa é uma boa ideia. E é por isso que não conto nada para o meu tio, se ele chegar em casa e encontrar a minha mãe, não vai conseguir guardar segredo até que eu chegue e possa fazer minha defesa.

— O que foi? — Meu tio pergunta, vendo que eu to com um sorriso enorme na cara.

— Nada, só os garotos me dizendo pra chegar logo!

[+]

Entro na Toca animado para contar aos NERDS sobre o emprego, mas os encontro em uma conversa quase discussão que envolve gritos e risadas altas.

— Ele é o melhor YouTuber e não se fala mais nisso! — Samuel grita e logo a discussão parece aumentar o volume.

Puxo um pufe e me sento ao lado de Nicolas, que é o único que não tá na conversa acalorada deles.

— Qual é a da discussão? — Pergunto.

— O dia dos jogos é sempre assim. Acho que o sangue deles esquenta demais ou algo parecido. — Percebo que ele diz em tom de brincadeira o que me faz rir, já que ele geralmente é tão fechado. — A briga de hoje é sobre qual canal devemos assistir a gameplay.

— Você não participa da discussão?

— Eu não gosto muito de jogos, como eles entendem mais, deixo que decidam. Geralmente eu discuto mais sobre o filme da quarta!

Fico sentado com Nicolas porque o máximo que eu entendo de videogame é o Fifa que eu jogava na casa do Antônio, ou um jogo chamado Lost Journey que eu comecei na semana passada e já desinstalei porque não tava conseguindo passar de fase.

Depois de uns quinze minutos a discussão chega ao fim e eles escolhem assistir uma gameplay de um jogo chamado "Fran Bow" em um canal chamado Alanzoka — que eu nunca nem ouvi falar.

Todo mundo se senta nos pufes pra assistir e eu fico um pouco incomodado. O jogo me parece estranho demais. Nele conta a história dessa garota chamada Fran que encontra os pais mortos e acaba indo parar em um hospital psiquiátrico.

Eu acho o jogo tão estranho que quando eles votam sobre continuar, eu acabo votando em não. Por sorte Nicolas e Rafaela também não gostam e como é um empate, o melhor, segundo eles, é não insistir no jogo.

Meia-hora depois a gente tá tomando um suco enquanto eles me contam sobre um jogo chamado Life Is Strange, quando Nicolas se vira para mim e pergunta:

— Ei, meu irmão falou algo sobre o trabalho?

— Ah sim, quase me esqueci. — Digo. — Ele me mandou uma mensagem dizendo que eu fui contratado!

Eles gritam em comemoração e batem palmas para mim.

— Espera aí — Eduardo diz, com a expressão séria de sempre, ele foi o único que não comemorou com a notícia. — Se você vai trabalhar durante toda a tarde, como vai participar das atividades do cronograma?

— Eu não tinha pensado nisso...

— Isso não é problema. — Rafaela diz após tomar todo o suco do seu copo. — A gente fica aqui até de noite, de qualquer forma, é só flexibilizarmos nosso horário!

— Flexibilizarmos? Que tipo de palavra é essa? — Nicolas pergunta, e todos nós caímos no riso.

Até a hora de ir embora, fico com esse pensamento na cabeça de que a aceitação deles é mais do que eu mereço e do que já encontrei em toda minha vida — sem contar minha família, claro — e isso me parece irreal demais.

Antônio e Júlia provavelmente continuariam seus planos e me deixariam de lado para continuarem com o que quisessem. Bem, eles acabaram deixando mesmo.    

José e os NERDS Contra o MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora