Março de 2014
Eu não recebia Júlia e Antônio com frequência em minha casa. Na maioria das vezes a gente saía sem rumo — porque eles gostavam de não fazer planos — então parar na casa de qualquer um dos três não era lá o primeiro dos planos.
Naquele dia eles foram lá em casa para que a gente pudesse fazer juntos um trabalho de Matemática que era para ser feito em dupla — nossa estratégia era sempre fazer o trabalho em trio e apenas entregar para o professor e esperasse que ele pensasse que não entendemos bem a proposta — e assim que chegaram eles se apressaram e foram para o meu quarto.
Eu passei na cozinha para pegar a jarra com suco de uva e uns copos e assim que entrei no quarto os encontrei sentados em minha cama, se beijando.
— Deixa isso pra lá! — Antônio disse se levantando e pegou a jarra e os copos das minhas mãos e os deixou encima da minha cômoda. — Vem aqui.
Ele segurou em minha mão e me fez sentar entre ele e Júlia, logo começando a beijar meu pescoço. Júlia se inclinou e beijou minha boca.
— O que a gente tá fazendo? — Perguntei, como se já não fosse bastante óbvio.
— Apenas relaxa, José! — Júlia disse, e como sempre eu fiz o que eles mandaram.
Ela tirou minha blusa.
Ele tirou meu short.
Eu tirei a cueca.
Eu e ela tiramos as roupas dele.
Eu e ele tiramos as roupas dela.
Nos deitamos na cama. Ela em minha frente, ele logo atrás.
Nossos corpos quentes cada vez mais juntos, seguindo um só ritmo.
Respiração. Suor. Gemido. Barulho de beijo. Coração acelerado.
Prazer. Êxtase.
Estávamos ali deitados depois de tudo o que aconteceu e eu não sabia o que deveria pensar, ou se deveria pensar em algo.
— Eu poderia fumar um cigarro agora. — Antônio falou, deitado ao meu lado.
— Não seja clichê, Antônio! — Júlia, do outro lado, se virou ficando com a cabeça escorada no braço e me encarou. — Como você se sente, José?
— Eu me sinto extremamente clichê. E é muito bom!
Os dois riram de mim e nós ficamos ali, deitados nus na minha cama como se fosse a coisa mais natural do mundo. E realmente era, até que, quinze minutos depois, minha mãe chegou e gritou assustada ao nos encontrar em minha cama como viemos ao mundo.
Aquele foi o momento mais vergonhoso da minha vida.
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José e os NERDS Contra o Mundo
Teen FictionJosé nunca assistiu Star Wars. Os NERDS nunca entraram em um campo de futebol. E mesmo assim uma grande amizade está prestes a começar. Há exatos três anos e seis meses atrás, José sofreu um acidente que o deixou em coma dos 17 aos 20 anos. Ao acord...