Sei que minha mãe ligou para os garotos e disse que eu estou bem — e eles provavelmente avisaram para Pedro —, mas ainda fico a noite toda recebendo mensagens e ligações deles. E decido continuar ignorando-os. Sinto que se fizer isso por tempo o suficiente, eles vão perceber que a minha amizade não vale a pena, e então seguirão em frente sem mim. Como deveria ser.
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É quarta-feira de manhã e antes de sair de casa minha mãe vem até o meu quarto e pergunta se não vou para a escola. Digo que estou com dor de cabeça e ela não fala nada porque eu sei que ela me entende. Nesse momento não quero ver ninguém que não seja da minha família.
É quase dez da manhã quando decido sair do meu quarto e vou para a cozinha. Meu tio está sentado à mesa lendo um jornal. Decido tomar um pouco de café apenas porque quero sentir um gosto forte em minha boca.
Tomo um leve susto quando de repente meu tio abaixa o jornal e diz:
— Eu só erro com você, não é mesmo?!
— O que você tá falando tio?
— Fui eu que te dei aquela moto, e fui eu que deixei aqueles dois entrarem ontem. Eu devia ter me lembrado deles.
Me levanto e puxo a cadeira para ficar ao seu lado.
— Tio Carlos, você não tem culpa...
— Tenho sim, José! — Ele diz me interrompendo. — No fim tudo o que você passou é culpa minha. Você e sua mãe nunca disseram nada, mas eu sei que é! Quem é que dá uma moto de presente para um garoto de dezessete anos? Não é como se fosse a idade de alguém ter algum tipo de responsabilidade.
Estico o braço e seguro em sua mão.
— Você me ensinou a andar de moto melhor do que qualquer pessoa. Você me explicou tudo da melhor forma possível, e eu escolhi sair pilotando feito um louco por aí, eu escolhi atravessar o sinal vermelho!
— Mas se eu não tivesse te dado a moto...
— Aí eu iria de bicicleta. Talvez fosse pior. Se for para alguém ter culpa nessa história, essa pessoa com toda certeza não é você. Nós somos resultados de nossas escolhas, não das escolhas das outras pessoas. E sobre Júlia e Antônio, você não tem nenhuma obrigação de ficar se lembrando de todo mundo que passou pela minha vida.
Meu tio não morava comigo e com a minha mãe antes do acidente acontecer, raras vezes ele viu Júlia e Antônio; se até eu que os conhecia bem os achei diferentes, não seria ele que deveria reconhecê-los.
— Você é um ótimo filho, José! — É o que ele diz e sinto que se segura para não chorar.
— E você é um ótimo pai, tio!
Me inclino e o abraço. Quando nos soltamos decido jogar o café fora e tomo um pouco de suco de maracujá.
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José e os NERDS Contra o Mundo
Teen FictionJosé nunca assistiu Star Wars. Os NERDS nunca entraram em um campo de futebol. E mesmo assim uma grande amizade está prestes a começar. Há exatos três anos e seis meses atrás, José sofreu um acidente que o deixou em coma dos 17 aos 20 anos. Ao acord...