Capítulo 42

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Um dos maiores erros do ser humano é confundir patriarcado com paternidade.

Cleber Martins 

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  Ainda chovia quando chegamos no beco, onde o carro estava.

- Chloe colocou todas as coisas do mundo na minha coxa, mas não um guarda-chuva! - digo rindo de nervoso, os pingos da chuva eram gelados, estão me fazendo sentir tremedeiras.

- Vamos correr. - Thomas diz calmo, não se importando se ficará com o terno caro encharcado.

  Quando chego no carro solto um suspiro de alívio por ter saído de lá, o que foi que havia acontecido? Eu presenciei um assassinato, a morte do cara que matou minha mãe. Era para eu mesma matá-lo, agora minha vingança é direcionada para Gabriel.

  Quando abro a porta do carro, paro imediatamente.  Escuto um pequeno latido, bem baixo. Está mais para um choro de cachorro.

- Cissa, o que você está esperando? Entra! - Thomas já dentro do carro me olha sem entender.

- Espera, escutei uma coisa. - digo e olho em volta, sem me importar com a chuva, que acaba de aumentar.

Sigo o baixo latido, os faróis do carro se estendiam pelo beco, me dando uma visão dele.

O latido vinha de uma caixa pequena, no meio de garrafas e sacolas de lixo. Quando me aproximo me deparo com um filhote de cachorro, totalmente pretinho, com apenas uma bolinha branca na coxa.

  Coitadinho, estava encharcado, tremendo sem parar. Pego-o, coloco bem escondido no meio dos meus seios e corro para o carro.

- Me dá algum pano quente. - Peço para Thomas, que acabara de dar a partida no carro.

- O quê? Por quê? - pergunta sem entender.

Tiro o pequeno serzinho escondido e mostro para Thomas, que na hora para o carro.

- Um cachorro! - diz surpreso.

- É.. eu ouvi o chorinho dele, então peguei ele. Coitadinho, está tremendo de frio. - Faço carinho na cabecinha dele, estava com os olhos fechados. As orelhinhas mexiam em resposta que ouvia tudo.

  Thomas pega alguma coisa do banco de trás.

- Achei. Seca ele com esse pano azul e esquenta ele com o verde. - Thomas estende os panos.

Faço o que Thomas diz. Ficamos em silêncio, quando o pequeno filhote está seco e enrolado no pano de lã, pergunto:

- Podemos ficar com ele? - pergunto. Olho docemente Thomas que sorri.

- Podemos. -  Thomas responde e sorrio que nem o gato de Alice no país das maravilhas.

- Nunca tive um cachorro. - digo.  Faço carinho na cabecinha pequena do filhote, que agora dormia sem tremer no meu colo.

Não olho para Thomas, mas sinto seus olhos em mim.

- De vez de irmos direto para casa, o que acha de comprarmos as coisas para ele? - Thomas pergunta com a voz suave e coloca sua mão na cabecinha do bichinho, que resolve mexer a cabeça, fazendo a mão de Thomas escorrega.

Acaba que a sua mão toca a minha. Sinto uma corrente elétrica, um arrepio, quando seu dedo mindinho toca levemente o meu, mexo o meu para mais próximo do seu. Ficamos alguns segundos nessa brincadeira de quem toca mais o dedo do outro.

Sorrio sem perceber, que nossas mãos ficam entrelaçadas. Levanto o rosto e me dou de cara com o rosto de Thomas próximo do meu.

Ele também sorria. Percebo que esse é daqueles momentos que você ver que realmente gosta da pessoa, que com apenas uma coisinha boba, você vê o que sente.

Nós dois começamos a nos aproximarmos, nossas bocas estão tão próximas. Consigo sentir o hálito quente da boca de Thomas. Fecho os olhos na espera do beijo, quando...

" Vocês estão aonde!?" Chloe grita dos aparelhos. Com o susto, me afasto de Thomas, que o deixa frustrado.

- Você aparecendo nas horas que menos preciso. - Thomas rosna - Estamos na estrada, iremos demorar.

"Por quê?" Lucas surge.

- Passaremos numa loja, explicamos quando chegarmos. - digo frustrada.

"Ah.." Chloe e Lucas dizem num coro.

- Podem sair do meu quarto, a missão já chegou no fim, descansem. - Thomas diz com a voz mais exigente que já ouvi.

"Boa noite, maninho."

"Boa noite, chefinho."

  - Vão! - Thomas ordena cansado.

Não escutamos mais os dois. Rio. Até que era engraçado essa situação.

- Eles.. - Antes que eu diga mais alguma coisa, sou puxada e sinto os lábios de Thomas.

No começo, nós beijamos com calma, como se cada movimento fosse para durar para sempre, porém ficamos mais necessitados, o beijo toma mais intensidade. Sinto ficar sem fôlego.

Thomas também se sente sem ar, separando nossos lábios, encosta sua testa na minha.

  Eu não sei. As coisas estão acontecendo com tanta intensidade hoje..

- É melhor nós irmos comprar as coisas do cachorrinho, ele deve está com fome. - digo, tentando de alguma maneira entender o que aconteceu agora.

  Thomas se afasta e ri.

- Como quiser, mas eu não vou esquecer isso que aconteceu. - Diz de uma forma muito sensual. Dando a partida no carro, no caminho ficamos em silêncio.

Um silêncio para colocar as coisas nos lugares certos.
Eu estou levemente ferrada. Ou não? Meu objetivo é outro. Não me apaixonar por Thomas.

Respiro fundo. Apoio a cabeça no banco de couro do carro, olho para o pequeno pacotinho no meu colo. Ele só foi colocar a mão na sua cabecinha fofa, por que você tinha que mexer a cabeça?

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Espero que tenha gostado.
Beijos, Dudinha.
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