Capítulo 01-02

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A professora Silva encarava o senhor Diretor sentado em sua cadeira todo relaxado. Anna Luíza e Rebeca permaneciam quietas e de frente a ele também. Uma veia saltava na testa da professora.

— Novamente, senhor Diretor, as duas atrapalhando a minha aula. Não sei mais o que fazer. Se continuo sendo professora aturando tais gracinhas ou assumo de vez a minha veia artística e me torno pintora oficialmente.

— Que tipo de arte a senhora pinta? — murmurou o Diretor formalmente.

— Nu artístico.

— Deixe comigo, professora — bufou a autoridade do colégio arrependido de ter perguntado. — Vou cuidar deste assunto agora mesmo.

— Obrigada — disse Silva deixando a sala satisfeita.

— Vocês sabem que horas são? — indagou o Senhor Diretor olhando em seu relógio de pulso prata com alça em couro preto.

— Hora de você nos liberar e ir "maratonar" a sua série favorita? — Rebeca respondeu.

— Não!

— Hora de vestir sua calça legging e praticar yoga — Anna falou.

— Isso era segredo, senhorita — falou ele contraindo a testa. — O que quero dizer, é que não faz nem uma hora do início das aulas e vocês duas já estão aqui me fazendo uma visita. O que me leva a concluir que vocês duas são péssimas alunas e merecem uma exclusão.

— Tudo bem, senhor Diretor. Mas vamos pular esse negócio de exclusão. Vamos focar em uma bronca leve — murmurou Anna Luíza.

— Agora me diz, o que aconteceu para eu ter a ilustre presença de vocês duas aqui? Comece você, Rebeca.

— Primeiro: obrigada por me considerar uma pessoa ilustre, a avó que me odeia também acha isso, apesar que sempre acho que ela diz isso ironicamente. E segundo: a Anna Luíza implica comigo o tempo todo tornado a minha vida mais complicada. A cada seis palavras que sai da boca dela, pelo menos, uma é para me ofender.

— Não é bem assim, sua idiota — Anna Luíza reagiu.

— Não disse — respondeu Rebeca terminando de contar nos dedos as palavras que Anna dissera.

— E você, o que tem para me dizer? — questionou o senhor Diretor olhando para Anna já sem paciência e vontade para lidar com elas.

— Tudo o que ela disse é verdade, mas dessa vez foi ela quem começou. A professora estava falando comigo, aí ela se intrometeu e ocorreu toda essa confusão, que poderia ter sido evitada se a língua da Rebeca coubesse dentro de sua boca e ela parasse de usar rasteirinha.

— O que isso tem a ver? — A inimiga reagiu franzindo o cenho.

— É feio demais.

— Enfim, não é que minha língua não cabe em minha boca, é que ela fica agitada quando ouve seu nome e vê a possibilidade de te prejudicar.

— Mas você nunca conseguiu me prejudicar. Olhe só, estamos nós duas aqui em frente para o Diretor. Isso é me prejudicar? Acho que seria se eu estivesse aqui sozinha.

— Ela tem razão, Rebeca. A senhorita é péssima nessa função — se intrometeu o Diretor. — Mas, para a sorte de vocês, hoje estou ocupado demais com algo e não conseguirei castigá-las adequadamente. Portanto, podem levantar e deixar a sala, o castigo fica para uma próxima vez.

— Ele sempre fica — disse Anna se pondo em pé e seguindo para o corredor.

Rebeca a seguiu, fechando a porta atrás de si. As duas marchavam em silêncio para a sala de aula, quando Rebeca não aguentou ficar com a boca fechada.

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