EPÍLOGO

240 36 136
                                    

Capítulo dedicado a cada um que me companhou até aqui. O meu mais sincero Obrigado.

*  *  *

Novembro, 2018

O clima na casa de Anna Luíza era ameno desde os acontecimentos da festa de primavera. No entanto, ainda havia os resquícios da convivência com Vivian durantes aqueles meses passados.

Dona Carla tentava ajudar Marcos a superar cozinhando seus pratos preferidos, usando amaciante aloe vera em suas roupas e deixando pequenos tabletes de chocolates em seu travesseiro. Todavia, nada adiantava. O semblante do pai de Anna continuava murcho, olhos cansados, olheiras bem marcadas, como se ele tivesse envelhecido três anos em duas semanas.

— Precisamos fazer algo — dizia Anna, vendo seu pai deitado na cama todo desleixado com barba por fazer.

— Dê tempo ao tempo, querida. Ele precisa vivenciar o luto do relacionamento — respondeu a avó, tentando puxar a neta para o corredor.

Mas Anna Luíza fincou os pés abaixo do batente da porta do quarto de seu pai, completamente imóvel. Ela já imaginara que tal situação iria acontecer, e esse foi o motivo de ela tentar fazer seu pai se aproximar da professora Linda enquanto ela manipulava o ex-amante de sua madrasta.

Porém, mesmo com muito esforço, a menina nunca pensou que seu pai sofreria tanto e chegou até pensar que fizera algo ruim, mas tal pensamento logo se desfez em sua mente, pois Anna Luíza sabia que mais valia seu pai com o coração partido do que nas mãos de uma golpista.

— Já sei como fazê-lo levantar— disse ela para sua avó, não esperando resposta e adentrando o quarto.

A garota estacionou ao lado da cama de seu pai, vendo-o com os olhos abertos e vidrados. Ela retirou do bolso do uniforme do colégio seu celular, levando-o até sua orelha esquerda. Em poucos segundos, ela começou a entoar:

— Alô, vó Marta. É a Anna. Tudo bem? — disse ela, casualmente. — Papai está depressivo. Você poderia pegar o próximo voo e vir...

Marcos se levantou em um pulo e retirou o celular da mão da filha. Não havia uma pessoa a qual Marcos não iria conseguir lidar estando no estado que se encontrava. Certamente, ele amava sua mãe, mas não a queria por perto em momento como este.

— Estou ótimo — respondeu ele. — E pronto para voltar ao trabalho.

E foi assim que o pai de Anna começou a se enterrar novamente na empresa. Só que desta vez, sua filha não se importou, em vista que queria que o pai permanecesse ocupado para não sentir a dor que rasgava seu peito.

No fim do mês, a última semana de aula chegara no colégio militar Pedro Álvares Cabral, fazendo a semana inteira ter apresentações patriotas, como cantar o hino nacional mais de uma vez no dia, fazer apresentações enaltecendo as riquezas do país e criticar o Funk (mesmo quando o Diretor e Leci foram pegos dançando na diretoria).

Sem se importar com tais tradições, as melhores amigas, Rebeca e Daniele, encontravam-se sentadas no banco do pátio descoberto ao lado da floreira roxa. Rebeca segurava em mãos um questionário, o qual aplicava a Daniele que contraia os lábios em uma fina linha.

— Questão número três — disse Rebeca, lendo o papel. — Qual a frase mais falada da Anna Luíza? A) "Eu não fiz nada". B) "A culpa não é minha". C) Rebeca, sua idiota!".

— Nossa! Essa está difícil — murmurou Daniele, pensativa. — Opção C.

— Errado! Era a opção A) "Eu não fiz nada".

TURMA 201Onde histórias criam vida. Descubra agora