TURMA 201

Capítulo 11-01

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Setembro, 2018

Anna Luíza passava pelo portão do colégio cumprimentando o senhorzinho bigodudo, que segurava o portão metálico, quando viu Amanda encostada em um pilar com os olhos grudados na tela do celular. Já fazia alguns dias desde que as duas não trocavam uma só palavra. Tudo porquê, segundo Amanda quando contava para quem perguntava, "Ela é egocêntrica! Só olha para o próprio umbigo e não consegue reconhecer uma amiga. Qual é? Eu já fiz muito por ela. A impedi de fazer uma tatuagem apoiando à volta do sapato Crocs. Aquilo dá chulé"!

Mas não havia alguém do mundo que Anna sentia mais falta. Ela queria se acertar com sua melhor amiga, mas também não queria dar o braço a torcer. No entanto, naquela manhã, Anna Luíza deu o primeiro passo.

— Olá, Amanda — disse ela cautelosamente quando a abordou.

— Oi.

— Estava pensando se poderíamos conversar um pouco.

— Por quê? — disparou a amiga com o tom de voz rancoroso.

— Porque já faz um tempo desde a última vez. E achei que poderíamos nos acertar logo.

— Então você está pronta para admitir o quão egoísta você é? — indagou Amanda guardando o celular e pousando seus olhos furiosos nos de Anna.

— Não, porque não concordo com a sua visão. Eu não me acho egoísta e, sim, apenas uma mulher que presa pela atenção de si mesma.

— Em outras palavras, egoísta! Sabe, Anna, eu estou cansada de deixar as minhas coisas de lado por você. Me diz quando você fez algo por mim?

— Deixei de apoiar o Crocs!

— Isso foi por você! Quando o cara da vendinha da esquina perguntou se você estava guardando algum queijo vencido no sapato.

— Hei, eu gosto de mozarela!

— Enfim, Anna Luíza, não posso ser mais sua amiga. Tenho uma vida para cuidar — proferiu Amanda dando as costas e marchando com os pés firmes no piso de concreto.

Anna Luíza não foi atrás da amiga, ficando no lugar bufando. Para ela, a situação já estava insustentável e não queria que isso se prolongasse mais, pois a última coisa que Anna precisava, era ter mais um atrito para resolver.

Rebeca vinha caminhando graciosamente jogando o cabelo para o lado e passando em frente a Anna, que a chamou com a mão seguido de um sussurro. Rebeca revirou os olhos a princípio, mas cedeu ao chamamento de sua inimiga.

— O colégio está lotado e não acho bom sermos vistas juntas. Vai arranhar minha reputação. Alguém pode achar que adotei um cachorro descabelado e o trouxe para escola.

— Fica quietinha, por favor — pediu Anna. — Não tive tempo de pentear o cabelo. Não é fácil se concentrar quando a voz de uma sociopata está ecoando no corredor.

— Vivian ainda está enfurnada na sua casa?

— Como o carrapato que grudou no seu queixo no oitavo ano.

— Não era carrapato! — reagiu Rebeca rápido, defendendo-se, querendo esconder a verdade. — Foi alergia ao passeio na Fazendinha. Eu avisei a Leci que aquilo poderia acontecer.