No outro dia de manhã, o colégio continuava a receber os alunos de fora que participavam do campeonato de futsal. Fábio e Daniele estavam entrelaçados, sentados no banco do pátio descoberto trocando beijos quando Tiago os abordou.
— Vocês viram a Amanda? — indagou ele sem os cumprimentar.
— Não — respondeu os dois em uníssono.
— Passei a noite em claro pensando em algumas coisas e preciso esclarecer com ela — disse ele.
— Tipo?
— Se põe o creme de leite no estrogonofe com o fogo aceso ou depois de esfriar — respondeu Tiago vendo os dois o olharem confuso. — Esquece, esse é outro assunto. Na verdade, é sobre nós dois.
— Ela está fugindo de você, não está? — falou Fábio por experiência própria. — Tiago, aconteceu o mesmo comigo. Ela fugiu de mim como o Grammy foge da Katy Pery.
— Ela merece tanto um — murmurou Daniele.
— Também acho — concordou Fábio com a namorada. — Voltando a Amanda, você só não pode cometer o mesmo erro que eu cometi. Sufocá-la. A Amanda é uma menina independente e, qualquer sinal de sufocamento, ela se desespera e prefere ficar livre.
— Como um gato, quando você o aperta bem apertado por ele ser fofo demais, com o pelo macio e acima do peso porque no natal você deu todo o arroz com uva passa para ele comer, ao invés de você. — Daniele completou vendo a chuva de olhares em cima dela. — Não que eu tenha feito isso.
— Entendi. Vou dar espaço a ela então — murmurou Tiago tristonho.
Ele deu as costas e saiu marchando rumo ao vestiário, enquanto Fábio voltou-se a Daniele.
— Coitado!
— Você se arrepende? — perguntou Daniele calmamente. — De ter sufocado a Amanda?
— Não, Dani. Eu e ela não demos certo por vários motivos além desse. E você, se arrepende?
— Claro, ele vomitou em mim quando deu meia-noite — respondeu ela entendendo uma pergunta que não foi feita. — Ah, você está falando do meu relacionamento com o Matheus? — Fábio assentiu com a cabeça. — Claro que não. Ele não era o cara perfeito para mim.
Um sorriu para o outro trocando um singelo beijo abaixo do sol que aquecia o pátio descoberto. Já na sala do Diretor, ele fechara a cortina querendo privacidade, ainda mais porque o assunto era sério. O pai de Anna Luíza se encontrava de frente a ele, sentado tomando uma xícara de café. Leci, aos calcanhares do Diretor, o seguia como uma sombra pela sala.
— O senhor está certo disso? — O Diretor voltou a se sentar, vendo sua funcionária o seguindo, quase sentando em seu colo. Só não porque o Diretor lhe deu um beliscão.
— Anna Luíza precisa de limites e estou certo que mandá-la estudar, bem longe das asas de Dona Carla e minhas, só irá acrescentar em sua vida — murmurou Marcos firme.
— O ano letivo no exterior já começou, provavelmente ela irá só no semestre que vem. A partir das férias de fim de ano — disse o Diretor.
— Não vejo problema. Só quero que ela cresça.
— Dê estimulantes então. Falam que raiz de mandioca ajuda a crescer os ossos. Minha prima ganhou cinco centímetros — comentou Leci, intrometendo-se.
— Cinco centímetros de circunferência, né — falou o Diretor. — E o que o senhor Marcos está dizendo, é crescer como pessoa, não altura, Leci.
— Ih, aí já vai ser difícil. Desculpe a sinceridade, mas a Anna Luíza não vai crescer tão cedo. Ela ainda vaia as merendeiras quando o prato do dia é alface ou rúcula.
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TURMA 201
Teen FictionPara desbravar as aventuras que lhe esperam no segundo ano do ensino médio, a antiga Turma 101 se transformou em Turma 201. Muitos desafios estão cercando esses adolescentes que estão rumo à metade do ensino médio, entre eles o autoconhecimento, pro...