Capítulo 10-03

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No outro dia de manhã, o colégio continuava a receber os alunos de fora que participavam do campeonato de futsal. Fábio e Daniele estavam entrelaçados, sentados no banco do pátio descoberto trocando beijos quando Tiago os abordou.

— Vocês viram a Amanda? — indagou ele sem os cumprimentar.

— Não — respondeu os dois em uníssono.

— Passei a noite em claro pensando em algumas coisas e preciso esclarecer com ela — disse ele.

— Tipo?

— Se põe o creme de leite no estrogonofe com o fogo aceso ou depois de esfriar — respondeu Tiago vendo os dois o olharem confuso. — Esquece, esse é outro assunto. Na verdade, é sobre nós dois.

— Ela está fugindo de você, não está? — falou Fábio por experiência própria. — Tiago, aconteceu o mesmo comigo. Ela fugiu de mim como o Grammy foge da Katy Pery.

— Ela merece tanto um — murmurou Daniele.

— Também acho — concordou Fábio com a namorada. — Voltando a Amanda, você só não pode cometer o mesmo erro que eu cometi. Sufocá-la. A Amanda é uma menina independente e, qualquer sinal de sufocamento, ela se desespera e prefere ficar livre.

— Como um gato, quando você o aperta bem apertado por ele ser fofo demais, com o pelo macio e acima do peso porque no natal você deu todo o arroz com uva passa para ele comer, ao invés de você. — Daniele completou vendo a chuva de olhares em cima dela. — Não que eu tenha feito isso.

— Entendi. Vou dar espaço a ela então — murmurou Tiago tristonho.

Ele deu as costas e saiu marchando rumo ao vestiário, enquanto Fábio voltou-se a Daniele.

— Coitado!

— Você se arrepende? — perguntou Daniele calmamente. — De ter sufocado a Amanda?

— Não, Dani. Eu e ela não demos certo por vários motivos além desse. E você, se arrepende?

— Claro, ele vomitou em mim quando deu meia-noite — respondeu ela entendendo uma pergunta que não foi feita. — Ah, você está falando do meu relacionamento com o Matheus? — Fábio assentiu com a cabeça. — Claro que não. Ele não era o cara perfeito para mim.

Um sorriu para o outro trocando um singelo beijo abaixo do sol que aquecia o pátio descoberto. Já na sala do Diretor, ele fechara a cortina querendo privacidade, ainda mais porque o assunto era sério. O pai de Anna Luíza se encontrava de frente a ele, sentado tomando uma xícara de café. Leci, aos calcanhares do Diretor, o seguia como uma sombra pela sala.

— O senhor está certo disso? — O Diretor voltou a se sentar, vendo sua funcionária o seguindo, quase sentando em seu colo. Só não porque o Diretor lhe deu um beliscão.

— Anna Luíza precisa de limites e estou certo que mandá-la estudar, bem longe das asas de Dona Carla e minhas, só irá acrescentar em sua vida — murmurou Marcos firme.

— O ano letivo no exterior já começou, provavelmente ela irá só no semestre que vem. A partir das férias de fim de ano — disse o Diretor.

— Não vejo problema. Só quero que ela cresça.

— Dê estimulantes então. Falam que raiz de mandioca ajuda a crescer os ossos. Minha prima ganhou cinco centímetros — comentou Leci, intrometendo-se.

— Cinco centímetros de circunferência, né — falou o Diretor. — E o que o senhor Marcos está dizendo, é crescer como pessoa, não altura, Leci.

— Ih, aí já vai ser difícil. Desculpe a sinceridade, mas a Anna Luíza não vai crescer tão cedo. Ela ainda vaia as merendeiras quando o prato do dia é alface ou rúcula.

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