TURMA 201

Capítulo 05-03

Com o anoitecer na cidade, chegou o tão esperado encontro às cegas que Anna Luíza preparou juntamente com a mãe da professora Linda. No restaurante preferido de Marcos, ele estava sentado com o celular em mãos digitando algo freneticamente enquanto aguardava alguém.

Linda entrou no restaurante vestindo um vestido florido ótimo para ocasiões ao ar livre, com uma trança no cabelo e franja alisada. Ela caminhou com sua bolsa roxa até a mesa que o garçom lhe apontou. Chegando na borda da mesa, ela sorriu vendo que o senhor que lhe aguardava era o homem de seus sonhos.

— Boa noite — disse ela com a voz tremula.

Marcos subiu seu olhar encontrando a professora e levando um singelo susto por vê-la.

— Boa noite, professora — falou ele desconcertado. — Que surpresa vê-la por aqui.

— Surpresa? Não estava me esperando?

— Não. Estou esperando a Dona Carla e a Anna Luíza.

— Ow, meu Deus! Que vergonha — Linda levou as mãos no rosto ficando ruborizada. — Qual é o número desta mesa?

— Dezoito.

— Minha mãe me arrumou um encontro com um rapaz que me esperaria às 20 horas na mesa dezoito — respondeu a professora querendo um buraco para se esconder.

— Anna Luíza marcou este jantar às 20 horas na mesa dezoito — respondeu Marcos pensando em algo. — Não pode ser? Pode?

— Ela e minha mãe terem feito este encontro? Mas elas não se conhecem — Linda fez uma pausa. — Ow, hoje a Anna levou minha mãe até a sala dos professores onde eu estava corrigindo trabalhos.

— Então com certeza tem o dedo dela — Marcos disse completamente desconcertado.

— Desculpe, senhor Marcos. Eu vou embora.

— Não, professora. Sente-se, já que veio até aqui.

Marcos se pôs em pé puxando a cadeira para Linda se acomodar. Ela adorou o gesto, já que em seus encontros anteriores nenhum homem havia feito isso e, tal gesto, fez com que seu coração acelerasse quase saltando do peito.

— Podemos jantar e ter uma noite agradável — falou Marcos voltando ao seu lugar. — A Anna Luíza tem mania de se meter em minha vida.

— Não só na sua. Hoje no colégio ela organizou um protesto contra os novos donos.

— Ouvi algo sobre a venda do colégio mesmo. Já foi concluída?

— Sim! Estamos em transição — Linda murmurou colocando o guardanapo no colo e tomando um gole de água. — Sinto muito por este momento desconfortável. Se eu soubesse que era o senhor, eu não teria vindo.

— Não se preocupe.

— Minha mãe tem essa mania de me arrumar encontros. Ela é daquelas mães que são desesperadas em casar suas filhas para se livrar de vez do fardo de ter uma filha que ficou para "titia". O pior que nem para "titia" eu fiquei, sou filha única — falou Linda de uma só vez sem respirar por conta do nervosismo. — O que é triste! Pois sou tudo o que minha mãe tem e tenho que suprir as expectativas dela desde pequena. Não se preocupe, não estou me queixando da minha mãe, ele foi ótima tirando o fato de tentar me casar com qualquer um...

— Eu sou "qualquer um"? — Marcos indagou com um sorriso no canto da boca.

— Ow, não foi isso que quis dizer. O senhor não é qualquer um. Definitivamente não é — respondeu ela desconcertada.

— Por favor, me chame só de Marcos.

Linda posou seu olhar nos olhos castanhos de Marcos, o que lhe deu um frio no estômago. Linda era apaixonada por Marcos desde a primeira vez que o vira andando pelos corredores do colégio com Anna ao seu lado. Ele furioso por conta de alguma coisa que sua filha fizera.