Capítulo 05-02

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hei, turma. Ao final desta parte tem uma surpresa para vocês. Por favor, me digam o que vocês acharam :D

*       *      *

O senhor Diretor também achava que a venda do colégio poderia se tornar um problema, principalmente para si, já que ele ouvira que os novos acionistas gostariam de dar ao renomado colégio uma cara nova. E isso incluía, claro, uma repaginação em toda a estrutura administrativa do colégio, inclusive o cargo mais alto: a direção.

— Como eu disse para o senhor, não se preocupe que essa transição será pacífica. Eu estou no cargo há mais de cinco anos e este colégio sempre exalou paz, organização, disciplina e patriotismo. Tanto que o nome do colégio é "Pedro Álvares Cabral", o descobridor de nossa adorava terra Brasil, por qual o senhor, no exercício de militar, sempre defendeu. Assim como eu, claro, que uma vez tive que lutar fisicamente com um antigo acionista que queria mudar o nome do colégio para "Colégio Ivete Sangalo". Ai, esses baianos são tudo doido.

— E de que Estado o senhor é? — indagou uma voz grossa masculina e autoritária que saía do viva-voz do telefone repousado na lateral da mesa.

— Bahia! Mas, criado em São Paulo.

— O que o colégio precisa agora é de pulso firme, mas não sei se o senhor tem. Estou verificando as minhas opções e tenho até um general aposentado querendo assumir o cargo para agregar a renda. Sua aposentadoria esta baixa demais, quase não está mais conseguindo viajar para Europa a cada três meses.

— Entendo que não tenho nenhuma patente do exército, mas saiba que quando jovem, eu servi muito a junta militar.

— Foi cadete?

— Garçom — proferiu o Diretor torrando o último fiapo de paciência do senhor autoritário.

— Bom, só liguei para dizer isso mesmo. A partir de agora, o senhor está no aviso prévio.

O homem desligou fazendo o som da chamada cortada ecoar por toda a sala. O senhor Diretor se ajeitou na cadeira não encontrando uma posição confortável motivada, talvez, pelos pensamentos conturbados que ficavam rodando em loop em sua mente, sentindo o frescor do medo do desemprego.

Durante o primeiro intervalo, Anna Luíza e Amanda caminhavam lado a lado pelo corredor do terceiro pavilhão rumo à área externa do colégio. Amanda segurava o celular nas mãos digitando freneticamente as palavras que Anna Luíza dizia.

— "... vamos todos para o pátio imediatamente protestar contra o avanço do conservadorismo que está retrocedendo nossa educação em décadas. Tragam seus livros em mãos e a voz na garganta, pois hoje é dia de protesto!" — finalizou Anna.

— Pronto! Disparei no grupo do colégio. E as pessoas já estão respondendo — Amanda afirmou observando a enxurrada de mensagens em resposta ao que ela mandara.

— Ótimo! Agora posso focar no meu outro problema — Anna disse. — Apesar que não é bem um problema.

— Você e o Matheus estão mal? — Amanda disse sendo cautelosa.

— Não tem a ver com o meu relacionamento e, sim, com o meu pai. Ele é gay — afirmou Anna fazendo Amanda tossir duas vezes engasgada. — Mas eu estou bem com isso, sabe. Eu sou da vibe de "viver a vida como se fosse o último dia" e, então, não posso obrigá-lo a ficar no armário para sempre. Por isso, preciso dar uma empurrada nele.

— Anna, você tem noção do que está falando?

— Sim! Por isso vou arranjar um encontro para o meu pai com uma mulher para ele perceber que está perdendo tempo fingindo ser uma pessoa que não é. Fico imaginando como eu não percebi isso antes. Eu já o vi fazer yoga com calça legging.

TURMA 201Onde histórias criam vida. Descubra agora