Capítulo 07-03

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No dia da feira de ciências, os alunos estavam separados por turma e cada uma ocupando um canto do pátio descoberto, coberto e quadra poliesportiva. Em um canto na pequena sombra, a professora Linda coordenava a Turma 201 que se preparava para a apresentação dos projetos para a banca examinadora formada pelo senhor Diretor e Leci.

Matheus e Fábio ajeitavam uma garrafa PET em formato de foguete, encaixando-o em um sistema de bombeamento engatado em um pedal metálico, onde Matheus pressionava com o pé freneticamente.

— Então, por meio da pressão que a gente força no sistema, vai chegar um momento quem que ela será tão grande que romperá o lacre e lançará o foguete céu acima — explicava Fábio à banca examinadora que olhava Matheus suando ao gastar toda sua energia pisando no pedal.

— Porque quanto maior a pressão, maior a força, já que a área de contado da garrafa é constante — finalizou Matheus ofegante.

E, assim, o foguete estourou e partiu para cima fazendo um trajeto curvilíneo até o outro lado do pátio, atingindo a cabeça de um aluno. A dupla se contraiu quando o menino ficou procurando de onde é que veio aquilo que o atingiu.

— Nota nove pelo incidente que vocês provocaram — murmurou o Diretor anotando em sua caderneta.

— Nota onze por ter acertado o aluno — garantiu Leci aos risos e recebendo um olhar de reprovação do seu chefe.

Em uma mesa de frente com a mesa do Marcelo e Tiago, Rebeca e Daniele davam os últimos ajustes no vulcão de argila imponente, que se destacava em meios aos outros experimentos.

— Lembre-se, Daniele, quando o Diretor chegar aqui, nós colocamos essas duas bolinhas de bicabornato de sódio e o vulcão explode jogando sua lava por toda a mesa.

— Espero que ninguém se machuque — falou Daniele preocupada.

— Não é lava de verdade. É uma mistura de vinagre, detergente e corante vermelho. E só podemos fazer isso uma vez, Daniele.

— Tá bem!

— Será que dá tempo de ir ao banheiro? Estou nervosa — murmurou Rebeca colocando a mão no estômago.

— Dá sim. O senhor Diretor está indo em direção ao Marcelo e Tiago.

— Tá. Volto já.

Rebeca deixou a amiga para trás tomando conta do experimento. Leci e o Diretor chegaram em frente à mesa dos meninos que tremiam.

— Nosso experimento se chama "raio-x de ovo" — Tiago disse, como se anunciasse a melhor ideia do planeta.

— A gente queima a casca do ovo e depois o colocamos na água. Assim, conseguiremos ver através da casca, identificando a gema. — Marcelo usou o tom de voz de mágico introduzindo o show principal.

Tiago acendeu uma vela e, depois de quatro tentativas, ela permaneceu acesa. Isso porque Leci sempre a assoprava até que percebeu que a vela fazia parte do experimento.

De um jeito delicado, o menino moreno levou o ovo até a chama torrando a casca em um preto vivo, como carvão. Em um só movimento, ele jogou o ovo em um vasilhame e o ovo se partiu, esparramando gema amarela para todo o lado.

— Marcelo, cadê a água da vasilha? — indagou Tiago incrédulo.

— Uai, eu coloquei.

— Acho que eu bebi — confessou Leci. — Desculpe, mas ficar debaixo desse sol a manhã inteira me dá sede.

Revirando os olhos, os meninos refizeram todo o processo, mas, desta vez, Marcelo ficou de olho na vasilha transbordando água cristalina. Quando Tiago imergiu o ovo na água, um borrão se formou através da parede transparente do vasilhame.

TURMA 201Onde histórias criam vida. Descubra agora