Capítulo 08-02

157 35 50
                                    

No pátio coberto, Amanda encarava Tiago em sua frente. Ambos comendo um salgado e bebendo refrigerante. Ela exalava excitação, até então nunca vista em seu semblante, já que Amanda gostava de ser muito discreta com relação aos seus sentimentos.

— Então, você fez questão de me raptar para passarmos o primeiro intervalo juntos, então preciso saber o porquê! — murmurou Amanda com um sorriso de orelha a orelha, certa do que Tiago queria com ela.

— Bem, estou meio envergonhado com isso. Não sei como te dizer. — Tiago a encarava com os olhos arregalados tentando encontrar as palavras certas. — Você quer dançar quadrilha comigo?

A expressão de Amanda murchou na hora, certamente porque a pergunta que ela gostaria de ouvir não foi feita.

— Quê?! — exclamou ela balançando a cabeça incrédula.

— É que ano passado eu dancei com a Daniele, pois minha parceira estava na prisão. Só que este ano, eu gostaria de dançar com você. Para valer, entende? Dançar com alguém que eu estou ficando.

Amanda encostou na cadeira cruzando as pernas e agarrando o copo de suco, bebendo até a última gota para preencher um vazio que Tiago não foi capaz de preencher. Logo depois, ela pousou o copo na mesa firme, que quase o quebrou.

— Vou pensar — disse Amanda pondo-se de pé e deixando-o para trás, completamente confuso, não entendendo por que ela estava agindo assim.

Na verdade, nem Amanda sabia. Talvez porque ela construiu toda uma expectativa que não foi atendida por Tiago, deixando-a raivosa. Quando ela adentrou o corredor do Terceiro Pavilhão, deu de cara com Luiz que a segurou pelo braço.

— Você é louco, moleque! Me solta — esbravejou Amanda armando um soco.

— Sou eu. Sou eu — murmurou Anna Luíza com sua voz normal, fazendo a amiga dar um pulo para trás.

— Que merda é essa?!

— Minha solução para vir ao colégio. Não estou incrível? — Anna Luíza deu uma rodopiada colocando as mãos na cintura.

— Não faça isso, está estragando o disfarce. Você é completamente doida.

— Não aguentava mais ficar em casa. Amo minha avó, mas não dá.

— Estou feliz que esteja aqui. — Amanda a puxou para um abraço apertado, um que ela estava precisando. — Acabei de levar um fora do Tiago.

— Como assim? — Anna Luíza se afastou para observá-la.

— Ele não me pediu em namoro. — Amanda encostou na parede balançando a cabeça, o que fez Anna Luíza rir.

— Pare com isso, sua boba. Se ele não te pediu, peça você! Estamos em outros tempos, Amanda. A mulher pode pedir um cara em namoro e até uma outra mulher, se for do gosto dela.

— Não seria desespero?

— E não é isso que você está sentindo? — Anna deu uma gargalhada, fazendo seu bigode cair. Ela o recompôs assim que percebeu, dando uma forte pressionada para colá-lo.

— Aff, por que voltou? — disse Amanda rindo. — Vou para a sala pensar nisso.

Anna Luíza assentiu com a cabeça vendo sua melhor amiga se afastar. Não demorou muito, para ela ser abordada por outra menina, uma com o cabelo castanho avermelhado jogado no ombros e um rosto recém maquiado.

— Olá, Luiz — disse Rebeca sorrindo e jogando os braços para trás, mostrando uma timidez inexistente. — Eu sou a Rebeca, apesar que acho que você sabe muito bem quem eu sou. O colégio inteiro só sabe falar de mim.

TURMA 201Onde histórias criam vida. Descubra agora