Durante o primeiro intervalo, os alunos do colégio Pedro Alvares Cabral se amontoavam no pátio coberto na tentativa de fugir da chuva que ainda insistia em cair, ensopando todo o piso de concreto do pátio descoberto. Amanda e Anna Luíza estavam sentadas em uma mesa da cantina comendo torradas e bebendo suco de morango.
— Eu sei, também achei estranho. Mas averiguei depois. Esse jornal existe desde 2007 e tem como matérias principais notícias do dia a dia e manipuladas, igual aos jornais profissionais — Anna disse enquanto dava o último gole do suco, sugando-o pelo canudo de papel fazendo barulho de quem não gostava de deixar para trás nenhuma gota.
— E vai ser uma capa tipo o quê? Playboy? — Amanda indagou com um tom de ironia.
— Não... espero, né. — Anna deu um riso nervoso. — Mas vai ser algo do tipo "Caras" entende. Entrevistas que as pessoas conseguiriam viver sem.
— Entendi. Anna, vou ao banheiro.
Amanda se levantou e seguiu pelo amontoado dos alunos, pedindo licença, algumas vezes, e outras usando a força bruta que tinha. Quando ela finalmente saiu daquela estrutura formada por adolescentes empolgados e falantes, ela avistou uma cena bem curiosa, o que a fez dar um passo atrás e ficar observando.
— Eu não consigo esquecer o beijo que demos na festa há alguns dias — Daniele disse se inclinado a frente de Fábio.
— Foi especial, não foi? — Fábio murmurou com ternura.
— Muito.
— Também achei. Eu estava em um momento vulnerável e você soube me compreender. Achei aquilo magnífico.
— Sabe, até aquele dia eu nunca tinha te olhado de um jeito diferente — começou ela retorcendo os dedos em timidez. — Em partes, porque estava cega do olho esquerdo já que tinha perdido a minha lente de contato, e também porque eu sempre achei que você tinha dona.
A última palavra fez Fábio estranhar. Ele alongou os ombros em protesto e começou a engasgar.
— Dona? Como assim? — terminou ele bufando tentando esconder a verdade.
— Amanda, né. Não foi bem eu quem pensou isso. A Rebeca que me disse que ela era a sua dona, mas não soube me dizer por quanto ela te comprou.
— Ninguém me comprou, Daniele — ele respondeu encabulado.
— Que pena. Porque eu iria dobrar a oferta — Daniele murmurou sorridente.
Ela poderia ser bem lenta em qualquer tipo de assunto, escolares principalmente, mas quando se tratava de ir à luta e conquistar o que ela mais queria, Daniele tinha uma inteligência incomum. E esse flete, fez Fábio ruborizar deixando suas maçãs do rosto completamente vermelhas.
— Não precisa dar oferta nenhuma. Para você eu saio de graça — respondeu ele tocando os lábios nos dela.
Amanda viu, mas não esboçou nenhuma reação. Uma dúvida começou a pairar em sua mente. Observando a cena, ela percebeu que aquele não era o primeiro beijo dos dois e que, provavelmente, outros já haviam acontecido. Mas a resposta que ela queria tanto saber era a o porquê Fábio estava escondendo isso de todos.
Após alguns segundos, Fábio e Daniele se afastaram, ambos com um largo sorriso estampado no rosto. Amanda deu as costas aos dois e se enfiou novamente no amontoado de adolescentes falantes, sumindo em meio ao cardume de gente.
Amanda sentou-se na mesa em frente a Anna Luíza que a encarava espantada. A feição de sua melhor amiga estava contraída, como se tivesse imersa em dúvidas e paranoias.
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TURMA 201
Teen FictionPara desbravar as aventuras que lhe esperam no segundo ano do ensino médio, a antiga Turma 101 se transformou em Turma 201. Muitos desafios estão cercando esses adolescentes que estão rumo à metade do ensino médio, entre eles o autoconhecimento, pro...