Capítulo 02-03

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* ** 

A noite do desfile chegara e Anna Luíza não se aguentava de tanto nervosismo. Era uma mistura infinita de sentimentos: medo, ansiedade, adrenalina. Tudo misturado e se refletindo em um frio na barriga.

Na segunda fileira, à lateral da passarela, Dona Carla e Marcos estavam sentados analisando cada canto do salão preparado para o evento. Pessoas bem vestidas e fazendo cara de paisagem, como se estivessem segurando algum gás dentro de si, sentavam-se ao redor de toda a passarela, que era constituída de um piso em vidro com luminárias brancas e azuis distribuídas ao longo de todo o caminho a ser percorrido pelas modelos.

No backstage, Anna Luíza segurava na orelha esquerda seu telefone celular, já maquiada e com o cabelo solto com ondulações na ponta.

— Onde você está? — indagou ela a Amanda. — Entendi, mas perto de onde? Sei. Eu deixei seu nome na portaria, é só mostrar sua identidade e entrar, tá bem? Só não demora, já estou no camarim preparada. Beijos.

Anna Luíza desligou guardando seu celular na lateral de sua saia, pressionando entre sua pele e o tecido de algodão.

— Anna Luíza? — Um rapaz careca de meia idade e com sobrancelhas tatuadas, com a coloração já desbotada em um tom verde, a abordou.

— Sim! Sou eu.

— Este é o seu vestido para o desfile. Você entra na hora da "coleção teen".

O rapaz entregou a Anna um vestido alaranjado leve e sem mangas com um bordado fino de renda, na mesma cor do vestido, contornando a gola e um cinto marcando o redor do quadril.

— Muito obrigada.

— A sua parte do desfile começa em cinco minutos. Se apronte!

O rapaz se virou sumindo da vista de Anna. Ela, para controlar o nervosismo, começou a inspirar e expirar o ar, fechando os olhos, como se estivesse entoando um mantra mentalmente. Ao abrir os olhos, ela deu de cara com duas feições bem conhecidas.

— Olá, Anna Luíza — Rebeca disse com um sorriso na lateral da boca.

— O que vocês estão fazendo aqui?

— Viemos acompanhar o desfile — respondeu Daniele.

— No camarim?

— Ow, não. Para entrar aqui, tive que dizer que estava grávida do estilista — murmurou Rebeca.

— Não sei se você sabe, mas o estilista é uma mulher — avisou Anna.

— E daí? "Vivemos no século 21, duas mulheres conseguem ter um filho se quiserem. Agora me deixe passar"! — Rebeca gritou a última palavra. — Foi o que respondi para o segurança quando ele falou a mesma coisa que você — finalizou ela voltando ao normal.

— Olhe, eu adoraria ficar aqui papeando e ouvindo as besteiras que, com certeza, vocês têm para me falar, só que preciso me arrumar. Sou uma modelo famosa agora e meu próximo passo é ser uma sereia. Então beijos.

Anna Luíza começou a marchar para longe delas. Rebeca, percebendo uma salinha ao fundo e isolada, viu sua mente acender com uma ideia genial.

— Pegue ela, Daniele — ordenou Rebeca.

As duas agarraram Anna que começou a se debater. As modelos, ao redor, observavam a cena, mas nem ligaram. Ver três mulheres se atacando para ter um destaque parecia ser mais um dia normal em suas vidas.

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