Outubro, 2018
Uma chuva de primavera caía na cidade de São Paulo deixando a cidade mais cinzenta do que já era. No colégio, os alunos se abrigavam abaixo da cobertura metálica do pátio coberto, ecoando seus dizerem em alto e bom som. Um pouco distante dali, Rebeca estava concentrada no corredor do Pavilhão Dois com um balde verde de cola ao lado, auxiliando-a conforme ela avançava colando seus cartazes rosa com sua feição estampada, tudo fazendo parte de sua campanha para Rainha do baile.
Sua melhor amiga a avistou da entrada do pavilhão e veio caminhando até estacionar ao lado da menina de cabelo avermelhado e com os braços já cansados.
— Bom dia, amiga. O que está fazendo? — indagou Daniele, vendo o cartaz.
— Estou fazendo minha campanha para Rainha do baile. E cadê os seus?
— Ah, eu já os colei tudo ontem.
— Ah é? E onde foi que colou, pois já andei quase o colégio inteiro e não vi nenhum.
— Eu não sou tonta, Rebeca — entoou Dani, confiante. — Eu os colei em um lugar onde circula mais gente.
— No pavilhão abandonado? Porque as pessoas vão lá para dar uns amassos e comer lanche escondido dos amigos. Sabe, quando não querem dividir.
— Eu fiz isso só uma vez! — esbravejou a menina, revirando os olhos. — E não os colei aqui no colégio. Colei no shopping. Eu sei! Às vezes, eu ponho minha mente para funcionar — gabou-se ela, quase fazendo uma dancinha com os ombros.
Mas a feição da amiga não parecia de admiração e, sim, uma expressão de coitadismo, hesitando se falava a verdade para a menina que estava tão empolgada por ter tido uma ideia que julgava ser a melhor de todas.
— Bom, você sabe que a votação é interna né? — indagou Rebeca, cautelosa, deixando de lado por alguns segundos o seu cartaz. — Tipo, só os alunos deste colégio é que vão poder votar.
— Sério? Eu pensei que fosse a cidade inteira, igual quando se vota para prefeito. Droga! Vou ter que cancelar minha campanha no cemitério também — confessou Daniele, arcando os ombros desapontada.
— Hei! Não fique assim. Eu te ajudo com os seus cartazes depois. Tá bem?
Esse gesto fez Daniele se preencher de esperança, vendo que sua campanha para Rainha do baile ainda não estava perdida. De volta ao trabalho, Rebeca andou mais alguns passos colando mais um cartaz, agora com a ajuda de sua melhor amiga que segurava o balde no peito olhando aquele líquido gosmento.
— Olá, meninas — disse Marcelo, quando as abordou. — Ual! Você já está fazendo sua campanha? — reagiu o menino ao ver os cartazes de sua namorada.
— Nossa campanha. Você também vai fazer, até porque se eu for Rainha, o que óbvio vai acontecer já que sou bonita, elegante e comprei votos! — respondeu Rebeca. — E você vai ser o meu Rei. Apesar de parecer com o menino do estábulo que cuida dos cavalos. Mas fazer o quê, nem todos tem um boa genética. — Rebeca arcou os lábios em um sorriso gracioso, que fez seu namorado nem ligar para o insulto.
— Eu sei, Rebeca. Eu sou meio rústico — murmurou o menino, aos risos e dando um singelo beijo em sua namorada.
Não demorou muito para mais um integrante da Turma 201 aparecer ao corredor, motivado pela aversão do falatório que instalara no pátio coberto devido a aglomeração de adolescentes empolgados às 7:00 horas da manhã.
— Nossa, Rebeca, seu cartaz ficou muito bom! — disse Matheus, parando e analisando o papel retangular brilhoso com a foto da menina, toda sorridente e, um pouco, estrábica.
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TURMA 201
Teen FictionPara desbravar as aventuras que lhe esperam no segundo ano do ensino médio, a antiga Turma 101 se transformou em Turma 201. Muitos desafios estão cercando esses adolescentes que estão rumo à metade do ensino médio, entre eles o autoconhecimento, pro...