Capítulo 03-01

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Março, 2018

Anna Luíza jogou seu cobertor de lado se pondo de pé. Seguiu até sua janela abrindo as cortinas e encarando o amanhecer do dia cinzento da cidade de São Paulo. Com a luz nos olhos, forçando-a a acordar, ela marchou até o banheiro onde lavou o rosto ajeitando preguiçosamente o cabelo de lado.

De sua cômoda veio o toque do celular, avisando-lhe que uma mensagem de texto chegara. Anna Luíza, mesmo sem ver, já imaginava do que se tratava, pois há algum tempo ela recebia o mesmo texto todos os dias.

"Olá! Que você tenha um ótimo dia! Ass: Matheus"

Anna sorriu ao terminar de confirmar a sua suspeita, mas uma ruga de indecisão sempre aparecia em sua testa logo depois. O medo de lhe dar mais uma chance continuava presente, confundindo-a, por mais fofo que Matheus estivesse sendo.

Com os pensamentos a mil, Anna Luíza terminou de se arrumar descendo para tomar seu café. À mesa, Dona Carla e Marcos já conversavam animados logo de manhã.

— Isso significa que você chegará muito tarde? — indagou Dona Carla em resposta a alguma informação que Marcos lhe dera.

— Provavelmente.

— Bom-dia — Anna falou indo ao seu lugar.

— Bom-dia — respondeu os dois em uníssono. — Filha, tenho algo para você — continuou o pai pondo a mão no bolso, chegando até se desequilibrar um pouco da cadeira.

— Um presente? Não quero. O último que me deu foi um desastre. Que tipo de pai dá um "vale açaí" de natal para filha?

— Você gosta de açaí — protestou Marcos.

— Também gosto de blusinhas, por que não me deu uma ou dez? — questionou Anna arcando as sobrancelhas.

— Por isso, Marcos, que você tem que me mostrar o presente primeiro. A Anna fez um "check list" para facilitar a aceitação de presentes — Dona Carla murmurou. — Se não estiver nessa lista, sou obrigada a recusar.

— Por isso recusou o óculos com corrente na lateral? — Marcos se voltou a Dona Carla, que começou a engasgar.

Anna Luíza fez uma feição de que não sabia de nada do que ele se referia.

— Ah, não! Foi porque eu quis trocar por uma blusa para mim — confessou a avozinha tentando não ficar com vergonha.

— Acabou me fazendo um favor. Quem é o imbecil que usa aquilo? — Anna disse.

Marcos fechou a expressão tentando arremessar discretamente algo para longe, que estava em seu colo. Porém, o som de uma corrente metálica encontrando o chão o denunciou.

— Enfim, Anna Luíza, o que tenho para você não tem nada a ver com "vale açaí" ou óculos maneiro com corrente que pessoas descoladas usam. É só um cliente que me deu alguns convites para uma boate adolescente que ele irá inaugurar dentro do shopping sábado. Nós fizemos o projeto e, como cortesia, ele me ofereceu.

Marcos depositou os convites na mesa, fazendo sua filha olhar atentamente.

— Boate adolescente? Desculpe, voltei para os anos oitenta e nem percebi. Quem é que fala boate?

— Sua avó — Marcos disse.

— Não falou não. A gíria agora é "role".

— Vai querer o convites ou não?

TURMA 201Onde histórias criam vida. Descubra agora