Capítulo 09-01

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Agosto, 2018

As duas semanas de férias de julho do colégio militar Pedro Álvares Cabral passaram rápido demais, fazendo os alunos da Turma 201 retornarem com o ânimo total para o segundo semestre do ano. Anna Luíza passou as férias se escondendo de seu pai, só para não conviver nem um minuto sequer com Vivian, que também não fazia questão alguma em ficar perto dela.

Anna também passou as férias de castigo pela mentira que contara a sua avó a respeito da permissão que o senhor Diretor supostamente teria dado a ela, fazendo-a retornar antes do final de sua suspensão. No início, seu pai lhe deu uma semana, mas depois que encontrou o disfarce de Luiz aumentou a pena de sua filha em mais uma. Não porque ela fingiu se passar por outra pessoa, mas, porque em um dos disfarces, Anna Luíza rasgou uma camiseta dele para fazer a fantasia.

Enfim, agora, após duas semanas da volta às aulas, Anna já estava liberada para ver seu namorado, de quem sentia muita saudade e precisava ver imediatamente. Então, ela se ajeitou penteando seu cabelo para trás e o amarrando em um rabo de cavalo bem no ápice de sua cabeça, seguindo depois para a sala de jantar, onde sua avó já tomava o café.

— Bom dia — disse ela notando o lugar vago de seu pai. — Cadê o senhor? Já saiu?

— Ainda não, e pare de chamá-lo assim, querida. Ele é seu pai.

— Tenho minhas dúvidas. Ontem comentei com a Amanda as recentes atitudes dele e ela acha que ele pode ter sido substituído — comentou ela sentando-se à mesa e vendo Dona Carla franzir a testa achando graça. — Não me olhe assim não. Acontece até com famosos. Olhe a Avril Lavigne, foi substituída. E a Anitta também.

— A Anitta é a mesma, só fez plásticas!

— Não sei, vó, só acho que ele está agindo de forma muito estranha.

— Sim! Está agindo de forma apaixonada. Homens quando se apaixonam são piores que mulheres.

— Não são não. O Matheus nunca agiu estranho assim.

— Não? — protestou Dona Carla retoricamente. — Quando vocês começaram a namorar, ele mandou uma flor para cada dia que passaram brigados no ano passado.

— Sim! Adorei as 365 flores — murmurou Anna suspirando. — Mas voltando ao assunto, preciso ter uma conversa com ele. De adulto para adulto.

— Agora você é adulta? Quando pedi para me ajudar com a louça, disse que criança não pode lavar prato senão se machuca.

— Você leva tudo ao pé da letra, não é mesmo? — Anna deu uma risada. — Bom, acho que vou subir para falar com ele. Provavelmente estará saindo do banho agora mesmo.

— Não, querida. Vá para a escola, depois vocês conversam — falou Dona Carla com um tom de voz suspeito que fez Anna encará-la desconfiada.

— O que está acontecendo? — disparou a neta sem rodeios.

Dona Carla deu um gole no café preto com o intuito de ganhar mais tempo, mas Anna Luíza já estava impaciente, pois sabia que havia algo acontecendo.

— Seu pai não dormiu sozinho esta noite — falou ela cautelosa vendo os olhos de Anna se arregalarem. — Ele chegou tarde de um jantar e Vivian dormiu aqui, ao invés de pegar um táxi e ir para casa.

— A Elvira está aqui?

— Quem é Elvira? — indagou Dona Carla revirando os olhos. — Ah, sim, está. Mas isso não é nada de mais, não é? Namorados dormem juntos... Namorados adultos e para isso você ainda é criança. Igual na hora da louça — corrigiu Dona Carla brava.

TURMA 201Onde histórias criam vida. Descubra agora