33- Fireproof ✝

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Acabei de acordar. Ainda são seis da manhã, mas não consigo dormir mais. Não consigo apenas fechar os olhos para descançar quando a minha melhor amiga foi assassinada pelo meu namorado. Estou de volta ao meu quarto, ao meu antigo quarto. Na mesma casa onde ela vivia. 

Não quero chorar mais, mas as lágrimas ainda não pararam de escorrer pela minha face. Doem-me as bochechas pelas lágrimas ácidas que constantemente permanecem delas. Os meus olhos estão tão vermelhos e inchados como nunca. Sinto a garganta arranhada, ela dói-me e não me sinto capaz de pronunciar uma única palavra.

Dor de garganta? Dor de cabeça? Dor de barriga? Não são dores comparadas com a que estou a sentir. A dor da perda, a dor da solidão, a dor da saudade. Não sinto o corpo, não tenho forças. Só me apetece desaparecer, tudo deixou de fazer sentido sem ela aqui.

Junto alguma energia e consigo levantar-me da cama. Caminha até á cozinha, e encosto-me ao balcão. Tenho a certeza de que pareço um zombie, mas não quero saber. Não tenho de impressionar o Harry, a pessoa que provavelmente ia julgar o meu aspeto está morta. 

Sabem quando saem de casa e têm aquela sensação de que vos falta alguma coisa? É mil vezes pior. Porque eu sei que uma parte de mim, uma parte da minha personalidade desapareceu. Sei que nunca mas vou ser a mesma.

_Bom dia.- Niall apareceu na cozinha, com um aspeto aproximado do meu, só não tinha lágrimas nem os olhos inchados.

Não respondi. Não ia com certeza ser um bom dia. Eu teria de ir a casa do Harry, á minha antiga casa, á casa que já foi nossa para pegar em algumas das minhas coisas, coisas que preciso mesmo de ter comigo.

_Ainda queres que vá contigo a casa do Harry?- a sua voz soava arrastada, e bastante rouca.

Anui com a cabeça e passei as costas da mão pelo rosto, para enxugar parte da humidade.

_Hum, podemos ir agora de manhã, á tarde é para tratar dos promenores do funeral.- ele informou e eu voltei a assentir.

Ele aproximou-se de mim e envolveu-me num abraço forte. Os seus braços fortes aconchegaram o meu corpo de forma acolhedora. Sentia-me bem (dentro do possível) nos seus braços. Então envolvi também os meus em volta do seu tronco.

Quando nos afastamos, olhei diretamente nos seus olhos. Estavam brilhantes. E mais azuis do que o normal. As suas pálpebras tremiam e então percebi que estava a esforçar-se para não chorar.

_Hey...- puxei pela minha voz, mas ela não saiu mais alto do que um sussurro.- Está tudo bem em demostrar que tens sentimentos sabes?- disse pausadamente. E então, a sua mão pousou na minha e poucas lágrimas cairam dos seus olhos.

_Não é justo.- Niall fungou.- Ela não merecia morrer tão jovem, ela não merecia ter a morte que teve. Ela era boa demais para mim, boa demais para o mundo. Ela é um anjo.. eel suspirou, e entretanto as suas lágrimas dissolveram-se.

_Vou vestir-me. Devias fazer o mesmo, espero que o Harry não se encontre em casa.- suspirei pesadamente.

_Eu vou estar lá contigo. Ele não vai fazer-te nada.- ele sorriu-me fracamente e abandonou a cozinha, tal como eu.

Vesti apenas umas calças de fato de treino felpudas, uma camisola de carapuço e um casaco de malha grosso. Faz muito frio em Londres, nesta altura, e provavelmente vou ficar constipada, mas é o menor dos meus problemas. Amarrei o cabelo á pressa e desci até ao sofá.

Niall chegou á sala, com uma aparência muito melhor do que a minha. Vestia umas calças pretas, uma t-shirt cinzenta e um casaco de cabedal preto.

_Queres mesmo fazer isto? Eu posso ir lá por ti se quiseres.- ele oferece-se amávelmente.

_Não, eu agradeço, mas eu tenho mesmo de o fazer.- ele assente e vamos para o carro em silêncio.

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