Interrupções
Anna
A música parou. Ela simplesmente parou e no melhor momento, quando enchemos a boca para gritar bem alto o refrão, fazendo-me sentir tão fazia e confusa quanto um balão de festas que, depois de cheio e prestes a ser amarrado, escapuliu da mão e voou, jogando todo o ar para fora. Depois ficou perdido em algum lugar, apenas observando todas as outras bexigas cheias.
Eu queria dançar aquela música. Não era a minha preferida, mas era como se fosse. Meu corpo já acompanhava o ritmo, sendo levado por aquela melodia atrevida e instigante. Eu estava no meio do caminho de um passo da dança, como parar no meio do caminho? Seria como pedir a uma bailaria para que ela parasse bem no meio de um grand jetés. Simplesmente impossível.
Eu queria continuar. Quando Guilherme saiu, eu não pensei muito em suas palavras, apenas afastei a blusa de Christian e voltei-me para ele, pronta para beijá-lo. Ele não parecia tão confiante. Ainda olhava a porta, as bochechas vermelhas, a boca fechada em uma linha e os olhos castanhos claros confusos. Não retribuiu o beijo, apenas se levantou de supetão e vestiu a camisa.
— Acho melhor eu ir. — Ele falou ao abotoar os poucos botões que restavam. — Precisarei passar em casa.
Ele sorriu ao olhar para a camisa.
É claro que ele precisaria passar em casa e eu poderia ir com ele. Eu precisava continuar o que começamos. Não terminar seria um pecado. Um grande e terrível pecado, que apenas caras maus cometiam. Deixar uma garota pegando fogo não era certo, em nenhuma situação.
Sacodi a cabeça, esperando que Christian me convidasse para ir com ele, mas Chris não o fez. Talvez porque Guilherme tivesse acabado com o clima, talvez porque era estritamente proibida a entrada de qualquer pessoa na Mansão Silva. O que era no mínimo intrigante.
Quando era criança, perguntava-me pelo qual motivo à família de Christian evitava convidados, mesmo sediando os principais eventos da cidade, como o concurso de Miss, anualmente. Nem mesmo os filhos podiam levar amigos para as festas de aniversário.
Guilherme e eu chegamos à conclusão de que eles escondiam um segredo cabeludo e horripilante e, aos treze anos, decidimos aproveitar o evento de Miss para vasculhar a casa e procurar qualquer sinal de bruxaria, fantasmas ou coisa errada que pudesse haver naquele lugar. Entretanto, não encontramos nada além de um grande jardim na parte de trás da casa, com direito a plantas raras.
Algum tempo depois, Christian contou que sua mãe estudava as plantas e que tinha um grande amor por elas, talvez até maior do que o amor que ela nutria pelos próprios filhos. Por isso, todos foram proibidos de levarem amigos em casa, para que não corressem o risco de quebrar ou machucar qualquer uma de suas plantas.
A família de Christian era composta por três rapazes e uma menina. Ruana, a filha mais velha, assumiu o negócio da família. Ela controla toda a riqueza de forma impecável, glamorosa e independente. A família é dona do negócio mais antigo da cidade: plantação de laranja e produção do suco natural Do Campo. O segundo filho, Marcio, mudou-se assim que teve a oportunidade e tudo o que sabemos sobre ele é que mora fora do país. Alan é o terceiro filho da família Silva, é o filho obediente, charmoso e apenas dois anos mais velho que Christian. Eles andam sempre juntos e são como melhores amigos.
Há três anos, um gravíssimo acidente aconteceu com Christian na cachoeira, dizem que Alan não saiu do seu lado e quase adoeceu com o irmão. Eles eram mais gêmeos do que Mariana e eu — O que não é muito difícil, diga-se de passagem. A família Silva era uma família invejável aos olhos de qualquer pessoa.
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O Amor dos Meus Sonhos
RomanceLivro 1 da duologia Sonhos ELE PODER SER QUALQUER UM, O AMOR DOS MEUS SONHOS. Todos temos um sonho, qual é o seu? Anna tem 18 anos e está prestes a começar o último ano do ensino médio. Um ano comum a muitos jovens que buscam um diploma, faculdade e...