Capítulo 37

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Que o show comece

Anna

Não fique nervosa, Anna. Eles estão olhando para o Guilherme, não para você.

Provavelmente estavam. O rapaz ao meu lado, cujo terno estava perfeitamente alinhado ao seu corpo escultural, era uma visão exuberante do paraíso. Eu estava orgulhosa, estar ao lado do cara mais lindo da festa deixava meu coração ansioso e animado, ainda assim, era constrangedor ter todos aqueles pares de olhos voltados para nós.

— Você está mesmo linda. — Ele olhou em minha direção com seu sorriso angelical.

— Eles estão olhando para você, bobão. — Quis dar língua, mas lutei firmemente contra o meu lado infantil.

Guilherme continuou sorrindo, orgulhoso de si mesmo. Há um ano atrás, aquela cena seria um tanto imprevisível. Gui se descobriu um verdadeiro cisne em meio a um grupo de patos.

— Não sejam bobos, eles estão olhando para os dois. — Vovó falou enquanto apertava nossas bochechas. — Agora, vão. Encontrem os outros.

Segurei firme o braço de Guilherme, para não correr o risco de tropeçar em mim mesma. Apesar de praticar com os saltos, a quantidade de pessoas no local me deixavam nervosa e eu não podia correr o risco de cair.

Ao entrar no salão, uma senhora de cabelos longos e grisalhos me entregou um cordão com um crachá. Ele tinha, aproximadamente dez centímetros de largura por vinte centímetros de comprimento, uma foto minha e o número 08. Seguimos em direção as cadeiras brancas e só então me separei de Guilherme.

— Você vai arrebentar, você é ótima em história. — Ele falou antes de ir se sentar, com as mãos pousadas em meus ombros.

— É, modesta à parte, eu sou mesmo. — Conclui com um aceno de cabeça.

Eu não estava preocupada com as perguntas. Estava preocupada com a quantidade absurda de pessoas que estavam ali. Geralmente, a primeira etapa é a que menos tem pessoas. Ninguém liga para os fatos históricos da cidade.

Movi-me vagarosamente em direção as cadeiras das participantes. Sentei-me ao lado de minha irmã. Ela sorria e se exibia para a tela do celular, tirando inúmeras fotos. Ela estava linda, estava feliz e confiante. Era normal querer registrar o momento e, definitivamente, não era a única a querer registrar cada segundo.

— Vai demorar muito para começar? — Questionei baixo.

— No roteiro está marcado para começar as 11 horas em ponto. — Mariana me respondeu enquanto sorria para o celular ao lado das amigas. — Depois tem o almoço, então é o discurso e, por fim, a dança.

— Eu não precisava de tantos detalhes. Só queria saber a hora. — Recostei-me na cadeira, controlando a respiração.

Enquanto observava a plateia, percebi alguns rostos conhecidos. Alguns amigos, alguns vizinhos e até mesmo Francis. Eu pensei que já havia virado completamente aquela página, mas, apenas vê-lo, já era o suficiente para uma pequena dor brotar em meu coração. Ele era como o relevo de uma cicatriz profunda e, ao vê-lo, podia recordar com precisão de como consegui aquela cicatriz.

Ele me olhava e seu olhar era como fogo em minha pele. Samanta se aproximou de Francis com um sorriso aberto e bastante intimidade. Eles pareciam próximos. Devo admitir que ver aquilo me deixou desconfortável. Ela sabia o que tinha acontecido, ainda assim continuava próxima a ele. A verdade era que eu precisava evitá-lo, ela não.

— Não acredito que você teve a cara de pau de aparecer. — Uma voz irritante me tirou dos meus pensamentos.

— Garota, deixe a minha irmã em paz. — Mariana retrucou.

O Amor dos Meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora