O Amor dos Meus Sonhos

Capítulo 20

Ciúmes

Guilherme

Sentir ciúmes é terrível.

É terrível sentir ciúmes de alguém que é seu, mas, é ainda pior, quando esse alguém não é seu. A sensação de impotência, o medo de perder alguém que nunca se teve, é, sem sombra de dúvidas, ainda pior.

Anna falava com tanta facilidade sobre seus casos amorosos, que chegava a ser irritante. Primeiro ela decidiu investir em Christian, então resolveu que Henrique era uma boa opção e agora estava completamente caidinha pelo novato estranho.

O que mais me preocupava era que ela não conhecia o tal Francis Lobo. Ela não sabia absolutamente nada sobre ele. Ainda assim, estava se deixando levar por um papinho furado de um conquistador barato.

Para piorar a situação, eu tinha quase certeza de que já tinha ouvido aquele sobrenome em algum lugar e, com certeza, não foi coisa boa. Algo dentro de mim dizia que Francis era perigoso, que não era alguém confiável. Eu podia sentir isso em casa pelo do meu corpo, pois todos eles me alertavam que Francis não era tão bonzinho quanto aparentava.

— Pedro. — Abordei meu amigo assim que o encontrei.

— Ei cara, não chega assim não. — Ele respondeu levando a mão ao coração.

— Desculpa, mas eu preciso perguntar uma coisa.

— Fala. — Ele continuou andando em direção ao pátio onde outros alunos já se reuniam.

— Você ouviu no noticiário algo sobre alguém chamado Francis Lobo?

Pedro ficou mudo por alguns segundos, então parou, olhando me sério.

— Não, mas é um péssimo nome para traficante.

— O que?

— É ué.

— Não estou falando disso, Pedro.

— Então eu não sei. Geralmente eu fico ligado nas notícias que envolve ação da polícia na minha comunidade. Quando tem, não posso vir.

Balancei a cabeça em sinal positivo. Eu sabia bem disso. Pedro cansou de faltar aula e o motivo era sempre o mesmo. A polícia está subindo o morro. Era perigoso demais sair de casa, ele poderia simplesmente ser acertado por uma bala perdida ou encontrado por uma bala achada. É o que acontece quando se é preto na favela em dias de ação policial.

— Mas, por que a pergunta?

Suspirei. Já estava cansado de falar sobre Anna com Pedro. Os conselhos dele eram sempre os mesmos. Sempre envolvia festa, bebida e outras garotas. Como se um beijo ou uma transa rápida fosse capaz de mudar o que eu sinto. Se fosse, o que eu sinto Anna seria o menor dos meus problemas.

— Anna conheceu um cara chamado Francis Lobo.

— E daí? — Pedro perguntou.

— Eu tenho certeza de que já ouvi esse sobrenome em algum lugar.

— Eu acho que é só ciúmes e paranoia sua.

É... Realmente poderia ser. Eu não conhecia ninguém chamado Francis, mas, o sobrenome Lobo não me era estranho.

Atravessamos o pátio indo em direção a cantina, pois o café já estava sendo servido. O CIM é um internato para garotos. O Colégio Interno Masculino, apesar de interno, tinha as suas vantagens. Morar com os amigos, longe de pais abusivos era sensacional. Entretanto, eu não deixava de me preocupar com a minha mãe e com Anna. E era apenas o segundo dia do ano.