Capítulo 44

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Maomé

Anna

Enfim, eu estava deitada em minha cama, depois de um dia longo e cansativo, tudo o que eu queria era poder dormir bem. De preferência, dormir sem hora para acordar. Entretanto, meu cérebro não achava o mesmo, pois o infeliz estava a todo o gás, ignorando o fato de eu estar morta de cansaço.

Irritada e cansada de rolar na cama de um lado para o outro, resolvi descer para tomar o calmante das minhas noites de pesadelos: leite caramelado. Sempre que eu tinha um pesadelo e acordava no meio da noite, mamãe esquentava o leite, derretia o açúcar separado e despejava no leite. Era simplesmente a quinta maravilha do mundo.

Estava atrás apensas de quindim, pão com ovo, bolo de cenoura com calda de chocolate e pudim. Assim, sem uma ordem certa, essas eram as minhas iguarias preferidas. Pudim estava no top 3, acompanhado de bolo de cenoura com calda de chocolate e quindim. Sem dúvida, essas são as comidas dos anjos.

Desci as escadas na ponta do pé, para não acordar Guilherme, que dormia na sala, pois a minha avó usava o quarto de hospedes. Ele merecia dormir um pouco e esquecer o estresse das últimas horas. Caminhei até a cozinha e acendi a luz antes de entrar no cômodo. Eu poderia ter setenta anos, ainda teria medo de escuro.

Aqueci o leite e reservei em uma caneca transparente, em seguida coloquei cinco colheres de sopa, cheia, de açúcar para derreter. O açúcar empedrou, dourou e derreteu, então eu joguei o mel no copo e logo ele endureceu novamente com um chiado gostoso.

— Também quero. — A voz rouca e grave me assustou e eu quase deixei a leiteira cair.

— Gui? — Ele arqueou a sobrancelha, esperando que eu respondesse se faria. — Tudo bem, senta aí.

Apontei para a cadeira, ele se sentou, baixou a cabeça na mesa e me observou enquanto eu fazia o leite para ele. Estava sonolento e piscava pesadamente, mas não tirava os olhos de mim.

— Não consegue dormir? — Ele enfim perguntou.

— Uhum. — Consenti com a cabeça.

— Está pensando em Francis?

— Ele encontrou a mãe. — Fiz um intervalo, mas Gui não se pronunciou. — Ela constituiu uma nova família e não foi procurar por ele.

— Você está preocupada?

— Catarina e o pai dela eram o que ele tinha de mais próximo de uma família. — Falei, ao derramar o leite em outra caneca. — Eles o expulsaram de casa.

—Ele fugiu, Anna.

— Ele foi abandonado por todos que amava...

— Inclusive você? — Ele completou o que eu estava pensando.

— Eu desejei que ele morresse. — Minha voz falhou. — Ele me beijou e eu gritei com ele, que o melhor que ele poderia fazer seria morrer.

— Ele beijou você? — Gui pareceu acordar. — Quando eu penso que vou começar a me entender com ele, você me diz isso.

— Você não focou na parte certa.

— A parte em que você deseja a morte dele? — Consenti outra vez com a cabeça. — Ele sabe que não é verdade, Anna. Você não sabe mentir.

Respirei pesadamente. Estava cansada de todos dizerem que eu não sei mentir. Eu sei mentir. Eu minto o tempo todo. Ora. Revirei os olhos com o comentário de meu melhor amigo e beberiquei o leite quente.

— Lembra daquela vez em que fizemos uma festa do pijama, eu, você Alana e Mariana? — Balancei a cabeça em sinal negativo. Foi a primeira e a última vez. — Sua mãe foi dormir, nós descemos e inventamos de fazer leite quente e quase colocamos fogo na casa.

O Amor dos Meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora