Surpresa
Anna
Pierre era um fofo. De tempos em tempos, ele me observava pelo retrovisor do carro, como se quisesse verificar como eu estava. Assim que entramos no carro, ele perguntou se poderia ligar o som para descontrair e eu só pude concordar com a cabeça. O policial não era o tipo de pessoa para quem você consegue dizer não com facilidade. Seus olhos de bebê e seu biquinho cor de rosa, amolecem o coração de qualquer um, além disso, o sorriso que vem depois é estonteante.
— Você está bem? — Ele perguntou depois de alguns minutos, sem tirar os olhos da estrada.
— Estou melhor. — Respirei profundamente e prossegui: — Eu estava muito assustada e com muito medo de que algo ruim pudesse ter acontecido.
— Você encontrou o corpo de Alana, não é mesmo? — Eu assenti com a cabeça em silêncio, aquela cena ainda era precisa em minha memória e muito dolorosa para mim. — Imagino que tenha sido um verdadeiro choque.
— Foi. — Olhei pela janela.
As árvores passavam rápidas pelos meus olhos, mas não eram elas quem eu via passar nítida frente aos meus olhos. O que eu enxergava era a cena do corpo ensanguentado e estirado no chão que se repetia bem em frente aos meus olhos e eu não precisava fechá-los para ter mais detalhes. Era nítido e real, como se eu acabasse de viver aquilo de novo. Balancei a cabeça em sinal negativo ao lembrar do meu desespero ao encontrar Francis, eu não devia ter tocado nele.
— Você não devia ter tocado nele. — Pierre falou como se lesse meus pensamentos.
— Eu sei, mas foi instintivo. — Tentei explicar. — Eu não o conheço a tanto tempo, mas, por algum motivo, temos uma relação muito intensa.
— Talvez por ele ser intenso. — Pierre tentou ajudar.
— Você o conhece? — Questionei-o.
— Todos na delegacia. — Ele fez um intervalo enquanto olhava pelo retrovisor. — Ele queria encontrar a mãe e não saia da delegacia. Francis nos trazia café todas as tardes e perguntava se tínhamos alguma notícia dela.
— E vocês acharam alguma coisa.
— Sim. Ontem. — Ele falou cabisbaixo. — Mas acredito que isso tenha mexido ainda mais com ele.
Perguntei-me sobre o que poderia afetar mais Francis. O abandono de sua mãe ainda mexia muito com ele e o deixava sensível. Talvez ela tivesse falecido devido às drogas e o álcool.
— O que vocês descobriram?
— Não é algo que devemos falar por ai, até porque, ela não é nenhuma criminosa para ser investigada. — Pierre tentou explicar. — Acontece que o menino queria muito saber e ele é um bom menino.
Estamos falando do mesmo Francis?
— Ela está viva? — Falei boquiaberta.
— Claro. — Ele falou com um sorriso. — Está viva e com uma nova família.
Uma família nova?
— Ela abandonou o filho e arrumou uma nova família? — Falei indignada.
— Isso mesmo. — Pierre suspirou. — O menino ficou chateado. Ele não deixou transparecer, mas foi óbvio.
Meu coração doeu ainda mais. A mãe de Francis era tudo para ele. Mesmo com o abandono, ele acreditava que ela não queria de fato abandoná-lo. Sua mãe tinha muito poder sobre ele. Eu só não entendi porque ele não falou comigo. Talvez fosse isso que ele quisesse falar mais cedo, mas eu não deixei. Ainda fui grossa com o coitado.
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O Amor dos Meus Sonhos
RomanceLivro 1 da duologia Sonhos ELE PODER SER QUALQUER UM, O AMOR DOS MEUS SONHOS. Todos temos um sonho, qual é o seu? Anna tem 18 anos e está prestes a começar o último ano do ensino médio. Um ano comum a muitos jovens que buscam um diploma, faculdade e...