Capítulo 18

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Ele é o lobo e eu sou a presa

Anna

Toda garota desejava ter um Francis Lobo para si, eu não era diferente. Francis era calado, mas ria facilmente das minhas piadas ruins devido ao nervosismo que me tomava as entranhas. Ele era lindo, carismático e enigmático, e eram estes enigmas que eu desejava tanto descobrir.

Eu me sentia uma garotinha, uma boba como todas as outras meninas apaixonadas e suspirantes que não paravam de encarar os olhos estarrecedores de Francis. Eu não as julgava, pois estava passando pelo mesmo problema.

Já cansada de falar, envergonhada e frustrada, eu suspirei inconscientemente. Não queria parecer uma maluca desvariada, mas sabia que era isso o que eu parecia. Ele poderia ter a garota que quisesse e só estava ao meu lado por obrigação. Isso fazia meu coração querer sair correndo e se esconder. Já meu cérebro buscava uma alternativa menos humilhante, como a de cavar um buraco e esconder a minha cabeça dentro.

— Você está bem, meu amor? — Ele falou e sua voz saiu rouca e grave.

Eu me negava a olhar para aqueles olhos, então respondi apenas com um aceno positivo de cabeça. Eu me sentia tão envergonhada e diminuta em sua presença, que não conseguia olhar em seus olhos sem que uma faísca flamejante de insegurança brotasse em meu coração.

Provavelmente, ele já havia conhecido o trio perfeitinho, já havia se encantado por uma das três, ou talvez por todas elas. Eu não tinha a menor chance com o cara novo e sabia disso, mas meu coração continuava palpitando em esperança.

Poxa coração, você nasceu burro assim, ou fez cursinho?

— Ótimo, já que todas as duplas estão formadas, começaremos com o básico. — O professor nos encarava como se esperasse a resposta.

— Confiança? — Francis falou tímido.

Ele não parecia ser tímido, estava mais para um pegador. Seu corpo atlético anunciava um esportista nato, e eu duvidava que ele não fizesse sucesso com as garotas e garotos. Talvez essa timidez toda fosse devido ao fato de todos estarem o encarando sem ao menos piscar, e eu era uma dessas.

— Exatamente, senhor Lobo. — O professor concordou e logo voltou ao seu discurso. — No teatro, a confiança é o que move a cena. Você precisa confiar cegamente no seu companheiro, acreditar que o que ele está falando é a mais pura verdade. Se ele promete te segurar, você pula de cabeça. Isso é o teatro.

Cadu era o professor mais apaixonado que eu conhecia. Ele falava com tanto amor que me fazia desejar a carreira de atriz. Ele era alto, tinha cerca de uns trinta anos, os olhos pretos e a barba densa. Henrique estava crushando ele, e eu não podia julgá-lo. Ele era realmente bonito, com seu corpo bem esculpido e o rosto harmônico. A barba era apenas o seu charme.

Entretanto, o que mais me encantava no professor Cadu era a sua paixão pela arte, o desejo de inovar e de transformar.

— Senhor Lobo e senhorita Gil, venham aqui na frente. — O professor chamou e me fez tremer. — Senhorita Gil, a senhorita confia no senhor Lobo?

Desesperadamente, eu balancei a cabeça em sinal negativo. E se ele me mandar pular de uma ponte? Francis, pareceu achar graça da situação.

Ótimo, eu sou uma piada para ele!

— Senhor Lobo e senhorita Gil, por favor, fiquem de frente um para o outro. — Ele ordenou e nós seguimos a ordem.

Eu tentava ao máximo não olhar para ele. Observava cada detalhe da sala, desde seus pisos cinzas, à tintura descascando no canto direito superior da parede que estava a minha frente. A sala tinha pouco mais de trinta metros quadrados, com longas paredes de um pouco mais de cinco metros formando um quadrado. À minha direita se encontrava o palco em meia circunferência com trinta centímetros de altura, para completar, uma cortina preta separava o palco da coxia.

O Amor dos Meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora