Capítulo 47

96 26 11
                                    

Melhores amigos

Anna

O quarto em que fiquei era pequeno, tinham uma cama de casal, cortinas longas e uma escrivaninha, onde coloquei a minha mochila. Entrei no banheiro e tomei um banho para tirar a poeira da estrada, então vesti um vestido branco um pouco curtos, cacheei o cabelo e desci.

O grupo já estava na varanda ao ar livre, em volta de uma mesa baixa e sem bancos. Estavam todos sentados no chão, rindo e conversando. Quando Gui percebeu a minha chegada, abriu espaço para que eu me sentasse ao lado dele. Sentei-me e ele me serviu um copo de cerveja.

Por que tem cerveja aqui?

— Pedi a ele que trouxesse algo para relaxar, então ele trouxe isso: — ele levantou o copo cheio.

— Você se tornou um verdadeiro pé de cana.

O pai de Alan — que mais tarde eu descobri que se chamava Lorenzo — fazia o churrasco com empolgação, enquanto dona Norma nos trazia bebidas. Alan já estava íntimos de todos, fazia piadas e, vez ou outra, passava o braço esquerdo sobre os meus ombros, rindo como se fossemos melhores amigos.

— Então, vocês namoram? — Ele perguntou, olhando para mim e para Guilherme. — Ele está me olhando com cara de quem quer me matar.

— Não. — Respondi rápida e ríspida, sem pensar duas vezes. — Somos amigos... melhores. amigos.

— Mas vocês estão estranhos. — Henrique comentou antes de colocar um pedaço grande de carne na boca. — Ele até cortou a carne para você e te serviu cerveja.

— E vocês estavam estranhos no carro. — Samanta informou ao grupo. — Parecia que Guilherme estava beijando a Anna.

Samanta falou sem olhar-nos, apenas saboreando uma mistura de carne e alface. Enfiou a refeição inteira na boca, olhou para Lorenzo com o dedo polegar de pé, como que dissesse que ele estava de parabéns. E estava, a comida estava ótima.

— Isso é coisa da cabeça de vocês. — Tornei a repetir. — Não tem nada acontecendo entre nós e vai continuar assim.

Finalizei a frase virando um copo cheio de cerveja. Se eu continuasse com a boca vazia, continuaria falando besteiras. Eu não estava preparada para tornar público o meu rolo com Guilherme. Principalmente, porque eu não havia encontrado a ponta da corda para desenrolar esse novelo de confusões e sentimentos estranhos.

— É isso. — Guilherme falou com a voz amarga. — Um brinde a nossa amizade.

Ele frisou a palavra amizade e eu percebi, no exato momento em que Gui abriu a boca, que ele estava chateado. Eu não devia ter falado aquilo, mas eu não ajo racionalmente quando me colocam contra a parede.

As coisas estavam confusas para mim; eu sempre enxerguei Guilherme como um irmão e, de repente, uma atração bombástica me tomou. Era complicado equilibrar os sentimentos. Eu o amava, amava de todas as formas possíveis. Mas, muitas coisas tinham acontecido entre nós dois. O que me deixava ainda mais insegura. Eu queria só me jogar de cabeça, mas, também queria ir com calma. Não adiantaria colocar a carroça na frente dos bois e ser atropelada depois.

Eu gostava dele. A cada pequeno segundo ao seu lado, eu tinha certeza de que o que eu sentia por ele era bem mais do que amizade. Entretanto, por mais que eu quisesse pular de cabeça nesse mar, eu não tinha certeza sobre a profundidade desses sentimentos. E se tudo não passasse de uma atração adolescente da parte de um dos dois? Até que ponto valia a pena arriscar a nossa relação?

Depois de experimentar a ausência de Guilherme em minha vida, eu decidi que nada valia ela. Ele não parecia pensar nisso, então eu tinha que pensar por nós dois e isso estava me enlouquecendo.

O Amor dos Meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora