Capítulo 24

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Sua garota

Anna

— Acho que pulamos algumas etapas, quando nos conhecemos. — Ele levou o canudo do milk-shake a boca e me olhou com aqueles olhos azuis sedutores.

— Pulamos? — Sorri, encarando-o de frente.

Ele balançou a cabeça em sinal positivo, sorrindo maliciosamente de lado. Então permanecemos em silêncio, ele me observando cuidadosamente com aqueles olhos azuis capazes de hipnotizar qualquer um e eu tentado observar aquele rottweiler que se vestia de badboy, com aquele sorriso dócil e aquela voz aveludada.

Acontece que, ser observada de forma tão incisiva por Francis, fazia o meu rosto queimar. Mesmo que eu lutasse contra a vergonha, meus olhos desviavam e focavam em coisas mais tranquilas e seguras. Observar absolutamente qualquer coisa, era mais seguro do que manter uma conexão de dois segundos com aqueles olhos.

— Você fica linda assim. — Ele falou com o canudo encostado no lábio inferior.

— Assim como?

— Com vergonha.

A voz de Francis era maravilhosa. Definitivamente, era uma das vozes mais bonitas e sexys que eu já tinha escutado. Ouvi-lo era como ouvir um coral de anjos e eu, a plateia, sentia vontade de aplaudir de pé.

— Eu não estou com vergonha. — Falei enquanto tentava encará-lo.

— Não? — Ele questionou de forma desafiadora. Francis afastou o copo de milk-shake, apoiou os dois antebraços na mesa de madeira da praça de alimentação, envolveu a mão direita com a mão esquerda e estalou os dedos. — Então, vamos a um desafio: tente me olhar nos olhos por 1 minuto sem desviar o olhar.

— O que? — Sorri ao ouvir. — Você está brincando, não é?

Ele deu de ombros.

— Tente e veremos se está ou não com vergonha.

Respirei fundo, comprimindo os lábios que queriam se abrir em um sorriso. Engoli em seco e agitei a cabeça em sinal positivo, concordando com o desafio besta imposto pelo rapaz diante de mim. Ele sorriu de volta e me olhou nos olhos de forma intensa, então eu prendi a respiração e me obriguei a olhá-lo de frente.

Nunca pensei que um minuto pudesse demorar tanto para passar. Quem cedeu primeiro foram os meus lábios que, com apenas dez segundos de desafio rolando, já estavam se abrindo em um sorriso nervoso. Logo, pensei quem meu coração fosse explodir, então soltei o ar dos pulmões lentamente, sem quebrar a ligação que existia entre os meus olhos e os de Francis.

Francis sorria de volta, parecia satisfeito com o efeito que causava em mim. Ele mordiscou o lábio inferior de forma provocativa, semicerrou os olhos e permaneceu me encarando.

— Sabe, você parece diferente do nosso primeiro encontro. — Ele quebrou o silêncio sem quebrar a conexão.

— Diferente como?

Ele deu ombros.

— Você parecia cheia de...

— Não termina. — Ordenei, sentindo a vergonha me consumir.

Sempre que me lembrava do pequeno instante que tive com Francis naquela pequena saleta, a vergonha me consumia e eu me obrigava a esquecer. Eu não costumava agir daquela forma, mas, naquele dia atípico, eu me comportei da maneira mais primitiva que um ser humano poderia se permitir se comportar.

— Só estou dizendo que você parece diferente.

Agitei a cabeça em sinal positivo e bebi o líquido gelado de morando.

O Amor dos Meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora