Capítulo 5

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Meu momento

Anna

Sabe quando dizem que devemos dançar de acordo com a música? Existem músicas diferentes para momentos diferentes. Há aquelas que nos faz querer dançar lentamente e de forma sexy, outras que nos afogam em nossas próprias lágrimas e algumas que apenas nos fazem sentir o momento. Eu me perguntava qual música combinava com esse momento.

Eu não sabia exatamente como me sentia, mas uma agitação gostosa tomava meu coração. Fazendo-me querer dançar, independente da música que tocava. Eu queria provar daquele momento, daquele rapaz que andava sexy em minha direção com um sorriso mole.

Percebi que estava encarando demais o rapaz, então decidi dar meia volta e caminhar até a minha casa. Abandonando um Guilherme convencido de que aquilo não daria certo. Eu não me importava, eu precisava tentar e, além disso, eu queria prová-lo.

Os saltos tilintavam no asfalto e o som se ouvia longe. As luzes amareladas clareavam o caminho, a rua estava completamente deserta. Se aquela não fosse Belo Monte, sem dúvida seria perigoso andar sozinha. Mas aquela era Belo Monte, a minha segura e pacata cidadezinha do interior.

Olhei para trás e avistei Christian, ele não caminhava rápido, apenas me observava ao longe. Pode parecer falta de modesta minha, mas eu via em seus olhos, que a luz das estrelas iluminavam, que ele me queria tanto quanto eu o queria e, ao pensar nisso, não consegui conter o riso.

Se o diabo veste Prada, eu não tinha certeza, mas, naquele momento, ele vinha em minha direção com um lindo blazer azul marinho e um sorriso tentador. Era quase impossível desviar o olhar, ele me atraía como um ímã atraia o ferro e eu só podia me deixar levar.

Continuei andando em direção a casa, que já se fazia enxergar. O muro alto da fachada só deixava à mostra o segundo andar da casa e de onde eu estava já era possível avistar a grande varanda, que se estendia de uma ponta a outra da casa.

Cheguei ao portão e aguardei que ele viesse até mim. Não entraria em casa com um cara sem explicar para ele o que eu queria e quais eram as minhas condições. Possivelmente ele me acharia louco e eu não tirava sua razão. Pois, se tinha uma coisa que eu parecia naquele momento, essa coisa era louca. Mas quem liga?

Ele chegou pouco tempo depois, com o sorriso ainda estampado no rosto. Seu maior charme e cartão postal de Belo Monte. Se havia uma coisa do que Christian poderia se orgulhar, essa coisa era seu belo sorriso branco e de dente alinhado. As meninas amavam toda essa simpatia e eu estou dentro desse conjunto, afinal, também sou uma menina.

— O que gostaria de me dizer, senhorita Anna? — Ele utilizou seu tom formal e hilário. Já nos conhecíamos há anos e vez ou outra ele falava assim e era impossível não sorrir.

— Preciso que me ajude a descobrir algo. — Falei em tom misterioso. Christian levantou as sobrancelhas esperando que eu continuasse então eu continuei: — Preciso que me prometa que não contará a ninguém.

Talvez em outros lugares fosse difícil de acreditar nas palavras de um adolescente galinha, mas não em Belo Monte. Mesmo seguindo os estereótipos de qualquer outra cidade, com as meninas patricinhas, os jovens nerd e aqueles que vivem drogados e tudo mais, as pessoas priorizavam o caráter e promessa era algo mais sério do que dívida.

— Tudo bem, eu prometo. — Ele estendeu o dedo mindinho.

Christian era lindo, porém, o que mais me atraia nele não era seu abdômen altamente definido, era esse jeito simples e inocente. Tudo parecia tão fácil de seu ponto de vista. Algo bom em ser privilegiado e não precisar dar de cara com os problemas da vida. Sua família é bem estruturada, financeira e psicologicamente. Pai, mãe e filhos bem-sucedidos. A família invejável que havia em qualquer lugar.

O Amor dos Meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora