Capítulo 8

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Atmosferas pesam

Anna

Eu sentia o coração palpitar. Eu estava feliz. Mas ao mesmo tempo em que a felicidade batia à porta como convidada, algo me mandava tomar cuidado. Eu não tinha certeza se era o meu sexto sentido ou se era o meu subconsciente me alertando do quão ruim seria se eu me jogasse de cabeça em uma piscina vazia.

Eu não esperava muito da gente. Não estava reproduzindo uma série norte-americana, na qual eu e Rick éramos os protagonistas. O que eu aprendi em anos de experiência foi que tudo acaba bem quando termina mal. Exatamente isso. Se não tiver aquele ponto crítico em que todos quase morrem, ou que tudo está quase por um fio, não é bom. Na verdade, seria bom que você aguardasse uma tragédia épica em que um dos seus personagens favoritos morre.

Eu não queria morrer, também não desejava isso a Rick. Tudo o que eu desejava era um amorzinho fácil, que desse tudo certo e que fossemos felizes do começo ao fim. Sinceramente, eu não sei qual ilusão é mais drástica.

Por mais que eu quisesse, não conseguia evitar olhar Rick, com aqueles olhos verdes claro, aqueles lábios rosados e aquela barba por fazer. Ele não era um colírio para os olhos, se eu continuasse olhando para ele por mais tempo, seu brilho me deixaria cega.

Exageros à parte, ele era lindo, sua voz era linda, seu corpo era lindo, e tudo nele era perfeito.

— De onde você veio Rick? — Perguntei mesmo sabendo que a resposta era "do céu". Em seguida levei o copo de água à boca, na tentativa inútil de disfarçar meu nervosismo.

— Minas. — Ele falou com seu sorriso e sotaque perfeitos. — A terra do ouro.

Como você.

— Por que veio para Belo Monte? — Guilherme interrompeu meu flerte.

— Meus pais acharam melhor eu passar um tempo com o meu tio.

— Por quê?

Tive a leve impressão de que Guilherme estava tentado interrogar Henrique, o que não era uma boa atitude. Rick não parecia muito confortável em responder as perguntas de Guilherme, então resolvi intervir.

— Qual é a probabilidade de estudarmos na mesma turma esse ano?

— Você estuda aqui há mais tempo, responda-me você. — Ele sorriu, um sorriso leve que ia de uma orelha a outra. Um sorriso tão gostoso que me fazia querer sorrir junto.

Guilherme não fez mais perguntas. Henrique continuava sorrindo, respondia minhas perguntas com empolgação e parecia prestar atenção em absolutamente tudo o que eu falava. Eu, por outro lado, tentava focar em suas palavras, entretanto lutava contra o desejo de admirar seus lábios.

Combinamos que ele me chamaria de Gil, já que era quase impossível arranjar um apelido para o meu nome, enquanto eu o chamaria de Henri, algo para nos diferenciar dentre a multidão. Se alguém me chamasse de Gil, eu saberia que era ele, pois apenas ele me chamava assim. Se alguém o chamasse de Henri, ele saberia que era eu, pois apenas eu o chamaria assim.

Henri não acreditou quando eu disse que Gil era o meu sobrenome.

— Gil é o apelido de um amigo, ele se chama Gilberto. — Ele gargalhava tentando explicar o seu ponto de vista.

Em muito tempo eu não me sentia tão próxima em tão pouco tempo de alguém. Henri era divertido, extrovertido e carismático, muito diferente do que achei que fosse. Com exceção das perguntas sobre a sua família, ele respondia todas com prazer. Além disso, ele era ótimo em inventar assunto. Em pouquíssimo tempo, ele já sabia mais de mim do que seu tio, o que era minimamente estranho, visto que minha mãe me obrigava a me confessar pelo menos uma vez ao mês.

O Amor dos Meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora