Capítulo 27

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Crise

Anna

Quando acordei na manhã seguinte e encontrei Francis vestido em seu uniforme enquanto preparava o café, tive a certeza de que estava vivendo um sonho. Ele era perfeito, e mais ainda quando preparava o café da manhã. Aproximei-me por trás e o abracei pelas costas.

— Está com um cheiro ótimo.

— O café da manhã ou eu? — Ele falou virando o pescoço para me olhar.

— Os dois. — Cheirei o perfume em sua roupa. — Mas eu me referia ao café da manhã mesmo.

Ele riu e se virou para mim, meus braços ainda rodeavam a sua cintura. Ele era uma cabeça mais alto do que eu. Seu queixo batia perfeitamente no topo da minha cabeça. Ele se afastou um pouco para olhar em meus olhos, analisando-me com atenção e cuidado.

— Lembre-se de que não pode engordar. — Fiz careta. — É a sua última prova, meu amor.

— Eu sei. E você vai comigo.

— Lindo, os pombinhos. — Henri falou ao entrar na cozinha, fazendo-me pular para longe de Francis.

Ajeitei a roupa, envergonhada. Nós não estávamos fazendo nada demais, mas aquilo ainda era estranho para mim. Ter um namorado. Gabar-me por ter um namorado lindo e sedutor. Mesmo Henri sendo meu amigo, era um pouco vergonhoso.

— Falar em roupa, vamos escolher a roupa para sábado? — Henri falou ao se sentar na mesa e se servir.

Olhei para Francis. Ainda não tinha conversado com ele sobre a possibilidade remota de irmos à feste. Ele me olhou de volta com seu belíssimo olhar de dúvida e eu sorri. Voltei-me para Henri, que estava com a sobrancelha arqueada, esperando uma resposta enquanto mastigava um misto quente.

— Não sei se vou. — Comentei, aproximando-me da mesa.

— Christian é seu amigo. — Henri argumentou. — A festa será em uma casa no lago, e eu preciso ficar bem louco antes da semana de provas. Depois do concurso, nossas vidas se tornarão infernais, precisamos nos divertir, antes que isso aconteça.

— Só não quero deixar Francis sozinho. — Falei baixo. — Ele não gosta muito de festas.

— Você pediu a ela para não ir? — Ele se voltou para Francis como se carregasse quatro pedras nas mãos e estivesse prestes a fazer Francis engoli-las.

— Não exatamente. — Ele se aproximou e se sentou à mesa. — Mas gosto da ideia de ter a minha namorada só para mim por uma noite. — Ele sorriu e passou o braço pelos meus ombros. — Além disso, não curto muito festas de adolescentes bêbados que se pegam por diversão ignorando os riscos de uma gravidez e que nove meses depois acabam abandonando um filho no mundo.

Senti aquelas palavras como um soco no estômago. Francis não odiava festas apenas por causa do tumulto, ia muito além disso. Eu podia sentir o gosto amargo de suas palavras e o rancor que elas traziam. Henri, pelo visto, também, pois ficou em silêncio.

Mariana apareceu correndo.

— Estou muito atrasada? — Ela perguntou agitada enquanto ajeitava o coque alto e olhava o batom em uma colher.

— Só para perder a sessão dramática. — Henri alfinetou se levantando. — Vamos?

Mariana pegou um misto e saiu correndo na frente, seguida por um Henri chateado.

— Desculpa. — Falei chateada pela situação. Eu não sabia como lidar com aquela confusão. Henri se tornou, em pouquíssimo tempo, uma das pessoas mais importantes da minha vida. Francis se tornou meu namorado. Eu não sabia como mediar a situação. — Podemos só escolher uma roupa? Não quero que Henri acabe chateado.

O Amor dos Meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora