Verdades sejam ditas
Anna
E, dessa forma, eu descobri um novo sinônimo para decepção: Guilherme. Estava explícito, estava estampado em seu rosto, em seus movimentos, em seus músculos tencionados. Ele balançava a cabeça em sinal negativo, como se tentasse negar o que seus olhos estavam vendo, engolindo em seco e respirando profundamente, para não esmurrar o primeiro rosto que entrasse em sua frente.
Temi por ele e por Catarina. Tive medo que ele partisse para cima dela e agredisse aquela cara de pau empenada que precisava de muito óleo de peroba. Todavia, mesmo com todo o rancor, não acredito que a violência seja remédio para algo. Agredindo-a, só estaríamos nos comparando a ela.
— Gui. — Chamei-o, colocando-me entre eles. — Não faça algo do que vá se arrepender depois.
— Eu já me arrependo. — Ele falou com os punhos cerrados e o maxilar tenso.
— É melhor entrarmos. — Minha mãe tentou intervir.
— Eu preciso ir, meu ônibus sai em trinta minutos. — Catarina informou.
— Você não sai daqui, Catarina. — Gui caminhou até ela e segurou seu braço. — Não até me dar uma explicação.
— Eu não te devo satisfações, Guilherme. — Ela se pronunciou, desvencilhando-se das grandes mãos de Guilherme.
— Eu sou seu namorado. — Ele tentou argumentar.
— Estou oficialmente terminando com você. Pronto, não te devo satisfações da minha vida.
O silêncio foi geral. Henrique segurava o riso, Rayssa escondia o rosto, envergonhada pela situação. Michele filmava tudo, enquanto Mariana revirava os olhos, cansada da ladainha do casal.
Os adultos pareciam confusos, pois não sabiam se deviam entrar na discussão ou deixar que o casal — ou ex, você escolhe — se resolvesse. Minha avó se sentou no carro, esperando que a confusão passasse. Minha mãe segurava o braço de Guilherme, impedindo que ele se aproximasse mais de Catarina e meu pai, como sempre, olhava para a situação com uma grande cara de interrogação.
— Já chega, vocês dois. — Foi a minha vez de falar. — Catarina, você nos deve sim uma explicação. Nós acolhemos você, é o mínimo que deve fazer.
Tentei parecer o mais confiante possível, mas não acredito que tenha parecido, pois ela me olhava de forma duvidosa. Então, lembrei que atitudes falam mais do que palavras: Passei por ela, peguei sua bolsa e levei para dentro de casa comigo. Ela poderia até sair, mas não levaria nada.
— São minhas coisas.
Ela tentou argumentar, mas eu já estava na sala, sentando-me para ouvir a história de Catarina e a verdade por trás da sua vinda para Belo Monte. Ela bufou, mas, mesmo contrariada, entrou e se sentou no sofá com os braços cruzados.
O resto foi atrás.
— Essa é a minha neta. — Minha avó falou risonha, sentando-se na poltrona de frente para a entrada.
Não havia lugar para todos, por isso, os mais velhos sentaram-se no sofá e os mais novos no chão. Apenas Guilherme continuou de pé, olhando para Catarina com amargura que, em nenhum momento, olhou para ele.
— Guilherme se aproximou de mim quando descobriu meu sobrenome. Em nenhum momento falou que conhecia o meu irmão, mas eu desconfiei, pois ele estava sempre fazendo perguntas. Da mesma forma que ele se aproximou de mim para saber sobre Francis, eu me aproximei dele. — Ela começou a contar, mesmo contrariada. — Como ele parecia saber o paradeiro de Francis, eu precisei investir nesse relacionamento.
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O Amor dos Meus Sonhos
RomanceLivro 1 da duologia Sonhos ELE PODER SER QUALQUER UM, O AMOR DOS MEUS SONHOS. Todos temos um sonho, qual é o seu? Anna tem 18 anos e está prestes a começar o último ano do ensino médio. Um ano comum a muitos jovens que buscam um diploma, faculdade e...