Capítulo 46

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Mamãe Lobo

Anna

Todos estavam em casa na hora marcada. A mãe de Francis morava em Campos, nossa cidade vizinha, entretanto, ela morava no extremo norte da cidade, o que significava que demoraríamos para chegar. Pelo menos, o grupo parecia não se importar, era o que Mariana me dizia por mensagem.

O grupo se dividiu em dois: no carro de Henri, foram Christian, Mariana, Rayssa e Michele. No carro de Pierre, fomos eu, Gui e Samanta. De hora em hora, ela olhava o celular apreensiva. O polegar não saía boca e eu duvidava de que ele ainda tivesse mais algum pedaço de unha. Coitada, estava mais nervosa do que eu.

Samanta foi na frente por insistência de Guilherme que, sem deixar transparecer muito, insistiu que queria dormir durante a viagem. Samanta, então, sentou-se no banco do carona, enquanto eu me sentei atrás do banco do motorista e Guilherme se deitou com a cabeça apoiada em minhas pernas.

Imprudentemente, ele não parecia se importar com o policial que dirigia o carro. Arrastava os dedos suavemente pela minha perna, subindo até a minha coxa, onde ele respirava quente, arrancando alguns suspiros meus. Na metade da viagem, ele pareceu cansar de ficar deitado, então se sentou bem perto de mim.

— Está com Frio, Anna? — Ele perguntou com um sorriso malicioso no rosto. — Suas pernas estão arrepiadas.

— O ar-condicionado está incomodando? — Pierre perguntou enquanto olhava pelo retrovisor. — Eu posso desligar.

— Não precisa! — Exclamei envergonhada.

Olhei de cara feia para Guilherme, que se encolhei dando de ombros. Ele sabia muito bem que o motivo para aqueles arrepios era outro e nada tinha a ver com o ar-condicionado. Para falar a verdade, eu estava até com calor.

Guilherme não pareceu ligar, pois me devolveu um sorriso irritante e malicioso, então falou:

— Não tem problema, eu tenho uma manta na mochila. — Ele tirou o tecido azul-marinho da mochila, era um quadrado com lados de, aproximadamente, um metro e meio. — Eu uso quando viajo para o Rio. O ônibus é bem frio.

Ele jogou o tecido em mim, em seguida se aninhou ao meu lado, respirando quente e pesadamente em meu pescoço. Daquele jeito, eu permaneceria arrepiada. Suspirei e fechei os olhos, ainda estávamos na metade do caminho, aquilo era torturante demais.

— O que foi? — Ele falou baixo em meu ouvido.

— Você ainda pergunta? — Falei com os dentes trincados.

— Eu disse que se você não me desse uma resposta, eu faria você querer me dar... — Ele se calou deixando claro o duplo sentido da frase.

— Você não acha que está muito apressado?

Ele parou, afastou-se um pouco e pareceu me analisar. Então disse em voz alta:

— Você não acha que já esperamos muito?

Abri a boca sem saber como reagir. Olhei para o retrovisor e vi que Pierre me encarava. A vergonha cobria meu rosto e tudo o que eu mais desejava era dar um soco na cara de Guilherme. Quando ele se tornou essa pessoa imprudentemente instigante? Balancei a cabeça em sinal negativo e me voltei para a estrada. Gui sorriu vencedor e voltou a se aninhar ao meu lado.

Eu devo admitir que mais de 50% do meu corpo estava gostando daquele joguinho. Entretanto, a porcentagem que restava, estava me deixando com a consciência pesada.

Maldito Grilo falante.

Gui não se importava. Continuava desferindo beijinhos em meu pescoço, enquanto arrastava os dedos leves entre as minhas coxas. Fechei os olhos, comprimindo um suspiro. Aquilo era errado? Parecia errado. Porém, Guilherme queria uma resposta minha, então continuaria até que eu lhe respondesse com um sim ou um não.

O Amor dos Meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora