Capítulo 39

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Explode-se

Anna

No salão principal, o piano tocava e meu coração acompanhava as notas musicais. Eu estava dividida entre a aflição nos olhos de Guilherme e a súplica no rosto de Francis. Todas as minhas células nervosas me diziam para não acompanhar Francis, mas meu coração — idiota e inconsequente, devo informar — insistia em querer ouvir o que aqueles lábios tentadores tinham a me dizer.

— Ou eu posso falar aqui. — Ele me olhou ameaçadora com seus olhos azuis. — Você me deixou loucamente apaixonado por você...

— Vai logo, eu falo com a menina que trocamos de lugar. — Michele saiu de seu lugar, o último, com um sorrisinho animado.

Respirei fundo, olhei uma última vez para Guilherme e acompanhei Francis pelo corredor luxuoso. Os saltos tilintavam na madeira, meu coração batia rápido e eu não tinha certeza de que aquilo era certo, mas ele não poderia fazer nada comigo ali.

— Você já pode falar. — Parei no meio do corredor, eu não daria a ele a chance de ficar totalmente sozinho comigo.

Ele estava de costas. A jaqueta preta de couro o deixava ainda mais sexy. Ele se virou e eu pude reparar melhor em seu visual: uma blusa social branca dentro de uma calça jeans e uma gravata mal amarrada. Controlei o meu desejo de ajeitar aquele nó mal feito. O rosto estava melhor, apenas um pequeno corte no supercílio e outro no lábio. O olho ainda estava arroxeado, mas não inchado.

Ele suspirou, umedeceu os lábios, então olhou fixamente em meus olhos. Desviei o olhar, sabia que não era bom encará-lo. Aquele olhar causava grande estrago no me psicológico.

— Você está linda. — Ele sorriu. — Só o decote que...

— Não comece...

Ele deu um passo em minha direção, levou a mão direita em meu rosto, acariciando minha bochecha. Fechei os olhos em um suspiro e me afastei. Não era justo ele se aproximar sedutor daquele jeito.

— Sua pele sob a minha mão... — Ele sorriu de lado e continuou: — Eu não sabia que precisava tanto sentir você.

— Pare com isso e vá direto ao assunto.

— Eu sou louco por você, Anna. — Ele deu um passo em minha direção e eu recuei. — E eu sei que você também me deseja.

Ele continuou se aproximando vagarosamente. O semblante calmo e calculista me deixava arrepiada dos pés à cabeça. Ele passou o braço esquerdo pela minha cintura e me puxou para si. Francis aproximou os lábios da minha orelha e sussurrou:

— Diz, Anna... — Ele fez um intervalo enquanto olhava em meus olhos. — Diz que eu te deixo louca.

Ele deixava. Louca. De raiva.

Afastei-me enquanto empurrava seu peitoral.

— Já mandei parar, Francis. — Respirei pesadamente. — A única coisa que eu sinto por você é raiva.

Ele sorriu de lado e balançou a cabeça em sinal positivo.

— Tudo bem... — Ele voltou a me encarar de forma perturbadora. — Sua boca diz uma coisa, mas seu corpo desmente.

— Você se acha.

— Eu não preciso me achar, meu amor. Apenas é a realidade.

— Se era isso que você queria me dizer, eu vou embora. — Falei, já caminhando de volta para onde eu vim.

— Tudo bem. — Ele segurou meu pulso. — Tem outra coisa que eu gostaria de perguntar.

— Fale de uma vez. — Falei ao me soltar de sua mão enorme.

— Catarina está na cidade? — Ele me olhou com os olhos semicerrados. — Está na sua casa?

Não respondi, mas acredito que a minha cara disse tudo. Ele se virou com as mãos na cintura e então se voltou para mim.

— Francis...

— Você não pretendia me conta?

— Por que eu contaria? — Respondi ríspida.

— Por que nós...

— Não existe "nós", Francis.

— Mas ela é a minha irmã...

— E eu com isso? Eu estou cansada de você, Francis. — Gritei. — Eu quero mais é que você se exploda.

— É isso mesmo que você quer? — Foi a vez dele de gritar.

Eu balancei a cabeça em sinal positivo. Ele abriu a boca como se dissesse "É mesmo?". Então se aproximou bruscamente e me beijou. O beijo era quente, rápido e intenso. Ele me puxou para si, parecendo que queria me devorar viva. Afastei-me ofegante e incrédula.

Impulsivamente, dei um tapa em seu rosto.

— Nunca mais faça isso. — Gritei novamente. — Nunca mais chegue perto de mim, Francis. De preferência, morra.

No instante em que falei, eu me arrependi. Ele me olhou tão incrédulo quanto eu. Entendi que aquela era a minha deixa para ir embora.

Não fui em direção ao concurso. Eu precisava passar no banheiro. Com certeza, eu estava com o batom todo borrado, o vestido amassado e o penteado bagunçado. Além disso, precisava colocar a consciência no lugar. Como eu tive coragem de dizer aquelas palavras? Eu não estava me reconhecendo.

Entrei no banheiro e tranquei a porta. Olhei meu reflexo no espelho. Tudo o que eu não precisava naquele momento era de Francis me tirando de mim.

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Com amor, Karol 

O Amor dos Meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora