360º
Anna
Eu não estava com clima para discussões. Tudo o que eu queria era chorar em paz, ou ter certeza de que Francis estava bem. Rubi, por outro lado, possuía muito veneno para destilar e eu sabia muito bem que ela não sossegaria enquanto não matasse alguém com ele.
Desde que me entendo por gente, Rubi é assim; manipuladora, sonsa, arrogante e a dona da razão. Ela era completamente cheia de si e tinha um pai que a fazia acreditar que ela era mesmo o centro do universo. Rubi é tão egocêntrica que deixa os geocêntricos no chinelo.
Criada dentro da "moral e bons costumes", a santíssima Rubi nunca viu além de seu nariz e, por viver em uma bolha de ignorância e preconceito, sem qualquer filtro vindo dos pais, ela cresceu achando que o que ela achava é a única verdade. Mesmo que isso ferisse os costumes de outra pessoa.
Com o passar dos anos, eu aprendi a ignorar o racismo vindo dela. Sabia que não me fazia bem e que quanto mais atenção eu dava, mais ela se criava. A verdade é que mesmo com seus dezoito anos, Rubi permaneceu com a sua cabecinha de uma criança de doze anos, negando-se a abrir os olhos para o diferente.
Eu não a culpo. Sei que o racismo incrustado em nossa sociedade corrobora para esse pensamento singular de toda a família de Rubi. Eu apenas sinto pena por seu individualismo.
Mariana não parecia ter o mesmo sentimento que eu, pois nunca engoliu as atrocidades ditas pela aprendiz de vilã de novela das nove. Não seria aquela a primeira vez, não é mesmo?
— Como é que é? — Mariana se virou para olhar melhor para Rubi.
— A sua irmãzinha é uma assassina, entendeu ou quer que eu desenhe? — Ela debochou.
— Eu quero que você desenhe com essa sua cara de cobra bem aqui na minha mão. — Mariana ameaçou.
Eu podia ver uma veia saltitar no pescoço de minha irmã. Tentei segurar seu pulso, mas ela, logo, se desvencilhou, partindo para cima de Rubi. Henri foi o próximo para tentar pará-la, mas também não teve muita sorte. Por fim, Rayssa se meteu entre as duas e, segurando o rosto de minha irmã, ela olhou bem fundo em seus olhos e disse:
— Ela não merece nem um pingo o seu suor.
Mariana afrouxou os punhos e deu as costas.
— Viadas! — Rubi berrou para os quatro ventos. — Vocês não tem vergonha?
Ai, não...
Rubi poderia dizer qualquer coisa. Ela poderia xingar, esbravejar, dar uma de maluca. Ela só não deveria ofender a minha irmã e seu relacionamento. Por mais que Mariana tivesse medo de assumir a sua orientação sexual, eu a conhecia muito bem para não duvidar de que ela seria capaz de voar no pescoço de Rubi.
Mari se voltou para Rubi e eu percebi que ela se sentiu acuada. Embora o olhar tremesse e ela engolisse em seco, Rubi não recuou um centímetro. Muito pelo contrário, ela até mesmo avançou. A ruiva era a prova viva de que, quando alguém se sente ameaçado, faz o possível para parecer ameaçador.
Mariana não perguntou nada. Ela, sequer piscou. Apenas respirou fundo, deu três passos e, ao ficar próxima o suficiente, esbofeteou a cara de Rubi. A cena se fez em câmera lenta, assim que a mão de Mariana encostou o lado esquerdo da face de Rubi, um estalo soou. A cabeça de Rubi por pouco não girou trezentos de sessenta graus, levando consigo as madeixas ruivas dela.
O silêncio foi total e a atmosfera dobrou seu peso sobre nós. Eu prendi o ar, Guilherme fechou os olhos e engoliu em seco, Henri levou a mão à boca, Rayssa abaixou a cabeça e a sacudiu em sinal negativo, Michele levou as mãos à cabeça, boquiaberta.
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O Amor dos Meus Sonhos
RomantizmLivro 1 da duologia Sonhos ELE PODER SER QUALQUER UM, O AMOR DOS MEUS SONHOS. Todos temos um sonho, qual é o seu? Anna tem 18 anos e está prestes a começar o último ano do ensino médio. Um ano comum a muitos jovens que buscam um diploma, faculdade e...