Tensão
Anna
— Por que você fez isso? — Francis me abordou depois do jogo.
Ele estava suado, o cabelo grudava em seu rosto da mesma forma que a camisa vermelha adornava seus músculos. O peitoral era definido, assim como cada gomo de seu abdômen. Respirei fundo, evitando olhar aquela imagem. Voltei-me para o seu rosto, olhando-o com desprezo.
Tudo bem ser um bad boy, mas não precisava ser um bad babaca boy.
— O que eu fiz? — Falei no meu tom mais sínico.
Ele cruzou os braços e me olhou de cima a baixo. Em seguida, levantou a camisa para mostrar a marca que deixei pouco abaixo de suas costelas. Porém, ele acabou mostrando um pouco mais do que deveria.
— Isso.
— Nossa... — Falei ainda de forma sonsa, entretanto, boa parte de mim suspirava ao admirar o seu tanquinho. — Está doendo?
Confesso que me aproveitei a situação para tocar sua pele. Com o indicador, toquei levemente a parte já arroxeada e desci o dedo escorregando por seu abdômen. Se ele achava que era o único que sabia provocar, estava muito enganado.
Ele tombou a cabeça levemente para trás, e abriu um sorriso. Francis abaixou a camisa e umedeceu os lábios, antes de voltar a me encarar. Não pude conter o sorriso que me escapuliu. A vingança tem um gosto doce.
— Vou te ensinar a não brincar comigo, Anna. — Ele falou com a voz rouca e toda a minha pele se arrepiou.
Francis segurou em meu pulso e me arrastou pelo campo que já estava vazio. Não vi Henri ou minha irmã, a arquibancada já estava vazia. Atravessamos o campo gramado enquanto eu tentava acompanhar seus grandes passos.
Era impressão minha, ou eu estava sendo raptada?
Eu não havia percebido o quão rápida a tarde havia passado. Talvez porque eu estava ocupada admirando Francis correr pelo campo de futebol. A tarde já terminava, enquanto o céu era pintado de rosa com algumas manchas laranjas. Logo, logo estaria escuro e eu estava sendo sequestrada.
Ele parou na lateral da arquibancada e abriu uma porta que eu não fazia ideia que existia. O lugar parecia um galpão, era escuro, mas pude perceber que estava repleto de materiais de educação física. Francis acendeu a luz com um toque e todo o ambiente foi iluminado por uma luz alaranjada.
— Você mal chegou e já sabe onde fica os matadouros? — Comentei debochada.
— Peguei o material para a aula e descobri que fica aberto. — Ele respondeu em prontidão. — Mas se é ou não um matadouro eu não sei te dizer.
Ele estava tenso, muito diferente da aula de teatro ou de momentos antes. Ele me olhava com intensidade e curiosidade. Sua respiração estava pesada quando ele se aproximou de mim, fazendo com que eu sentisse o seu peito subir e descer sob o tecido ainda úmido do uniforme do time de futebol.
— Anna, — ele começou lento, saboreando o meu nome em sua boca — você foi injusta comigo.
— O que eu fiz? — Minha voz saiu baixa. Eu não precisava falar alto, pois Francis estava perto o suficiente para ouvir até um cochicho.
— Você me machucou, Anna. — Ele falou ao pé da minha orelha. — Agora eu vou machucar você.
O meu lado racional me dizia que eu estava sendo ameaçada e que deveria sentir medo, que eu deveria correr e gritar por socorro, mas o meu lado irracional, aquele que vivia tendo sonhos eróticos com caras desconhecidos, esse me mantinha ali, encarando Francis de frente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Amor dos Meus Sonhos
Roman d'amourLivro 1 da duologia Sonhos ELE PODER SER QUALQUER UM, O AMOR DOS MEUS SONHOS. Todos temos um sonho, qual é o seu? Anna tem 18 anos e está prestes a começar o último ano do ensino médio. Um ano comum a muitos jovens que buscam um diploma, faculdade e...