Francis
Guilherme
— Falou com ela? — Pedro perguntou assim que nos encontramos na escola.
Eu mal dormi durante a noite. Depois da discussão que tive com Anna, tudo o que eu conseguia pensar era no quão burro eu tinha sido. Eu tinha ido lá para falar sobre o Lobo, mas acabei me deixando levar pelos meus sentimentos e ferrei com tudo.
Eu acabei magoando o amor da minha vida e não sabia mais se tinha volta.
— Não. — Respondi ao me sentar na mesa atrás dele. — Não tive tempo.
— Você não foi para Belo Monte para falar com a sua amiga sobre o cara? — Pedro estava virado para trás, ignorando completamente o professor que fazia chamada. — Como assim não teve tempo?
— Eu beijei a Anna.
Pedro abriu a boca e arregalou os olhos. Ele não conhecia Anna, mas sabia perfeitamente quem era ela. Em um ano, ele se tornou o meu melhor amigo e confidente. Sabia de tudo sobre mim, inclusive sobre o meu amor, agora não tão platônico, por Anna.
— Mas você não disse para ela que estava namorando a irmã dela?
— E eu levei um tapa, justamente por isso.
— Eita! — Ele riu. — Essa garota é das minhas.
Revirei os olhos. Eu sabia que Anna tinha razão em pensar que eu era um babaca. Eu disse para todos que estava com Mari, ainda assim, continuei insistindo em Anna. Coisa que eu nunca tinha feito antes. Era óbvio que ela me acharia um idiota prepotente. Acontece que ela me conhecia bem o suficiente para saber o tipo de cara que eu não era.
— Então você acha que ela tinha que adivinhar que era tudo mentira? — Pedro questionou já no final da primeira aula enquanto conversávamos a caminho do laboratório. — Você é meio burro, sabia?
— Eu sei, Pedro.
— Eu, no lugar dela, ia te achar, no mínimo, um tarado.
— Mas ela sabe que eu não sou assim. — Tentei argumentar.
— Parceiro, você é burro. Contra fatos, não há argumentos. — Ele respondeu com confiança. — Você perdeu a novinha que tanto quis e quando ela finalmente te queria... ai, ai.
Pedro, definitivamente, não sabia ser um amigo. Ele fazia questão de apontar o dedo para o meu erro. Nem para dizer "vai ficar tudo bem", ele servia. Miserável.
— E sobre o Lobo, o que você vai fazer?
— Vou investigar.
— Se ele for realmente o mesmo cara, é melhor sua amiga se afastar dele.
Anna
O amor dói e eu descobri isso naquele primeiro momento, quando Guilherme fechou a porta e partiu. O amor machuca e eu continuei descobrindo, mesmo uma semana depois dele ter partido. O amor corrói e eu já estava cansada de descobrir isso depois que Guilherme foi embora.
Havia se passado uma semana, nós não trocamos mensagens, não ligamos um para o outro e não movemos uma palha. Eu estava triste, magoada e frustrada, pois não entendia como era possível perder alguém que nunca se teve.
Mas eu tive Guilherme e deixei que ele partisse.
Quando se perde alguém para a morte é doloroso, quando se perde alguém por pura falta de senso, também, é doloroso. Não se compara as diferentes perdas, pois elas doem de formas diferentes. Enquanto uma dói de forma persuasiva, fazendo você acreditar que a única saída é se acostumar com a dor, a outra dói e te faz acreditar que a culpa dessa perda é sua e que, mesmo essa pessoa ainda existindo, ela nunca mais existirá para você.
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O Amor dos Meus Sonhos
RomanceLivro 1 da duologia Sonhos ELE PODER SER QUALQUER UM, O AMOR DOS MEUS SONHOS. Todos temos um sonho, qual é o seu? Anna tem 18 anos e está prestes a começar o último ano do ensino médio. Um ano comum a muitos jovens que buscam um diploma, faculdade e...