Capítulo 16

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Como se eu fosse te perder

Anna

— Dê parabéns ao novo casal? — Henrique repetiu. — Como assim, Gil?

Eu não precisei explicar, pois Guilherme já chegou se esparramando e expondo a novidade. Ele bateu na janela do carro e fez Henrique descer o vidro elétrico. Abaixou e encarou-me com um sorriso tortuoso.

Maldito o momento em que eu percebi o homem que Guilherme havia se tornado.

Merda. Merda. Mil vezes merda.

— Saiam, vamos bater um papo. — Ele falou e eu torci o rosto sob o olhar cuidadoso de Henrique. — Temos uma novidade para contar.

Obriguei-me a sair do carro, mesmo com todos os meus neurônios me mandando permanecer sentada. Talvez fosse o momento de eu aprender a dirigir, seria ótimo fugir dali em velocidade máxima. Mas Henrique tinha razão, enquanto eu não enfrentasse todo aquele sentimento reprimido, eu sofreria.

— A novidade tem a ver com isso? — Henrique apontou para as mãos de Guilherme e Mariana que permaneciam coladas.

— Nós estamos namorando... Ê! — Mariana falou com desdém.

— Ah, claro que estão. — Henrique balançava o pescoço em sinal positivo. — Já que estão namorando, o que acham de dançarem juntos? — Ele olhou firme para Guilherme. — Eu danço com a Anna.

Instintivamente segurei sua mão. Henrique era como uma onça protetora e sabia o quanto aquilo estava me afetando. Ele sabia o quão tortuoso seria segurar as mãos de Guilherme, tocar seu corpo e senti-lo tão perto de mim. Henrique foi o primeiro que notou meus sentimentos em relação a Guilherme, notara antes de mim mesma notar.

— Eu acho ótimo. — Guilherme falou como se estivesse disputando algo com alguém.

— Eu acho péssimo. — Mariana rebateu, soltando a mão da dele. — Eu vou dançar com Henrique, pois nós já até ensaiamos juntos.

Ela agarrou a mão dele e o arrastou para perto da multidão de garotas e seus pares.

Ficamos apenas eu, Guilherme, aquele silêncio ensurdecedor e as borboletas em meu estômago. Eu me sentia envergonhada por sentir o que estava sentindo, mas, desde a última noite, eu não conseguia pensar em outra coisa senão em sua respiração tão próxima à minha e o seu corpo tão colado ao meu.

Ele ficava ótimo de branco e aquela camiseta marcava bem o seu peitoral perfeitamente definido. Eu tive curiosidade para ver mais, queria me aproximar e tocar seu corpo duro. Cobrir seus lábios com os meus e sentir seu sabor. Porém, por mais que eu quisesse tudo aquilo, meu cérebro me dizia que não era certo.

Não era certo olhar aqueles pequenos olhos castanhos e imaginar o céu. Não era certo olhar aquela boca e imaginar um fruto, o fruto mais doce que alguém já provara. Meu fruto proibido.

Guilherme se tornara um homem e tanto. Não era só pelos músculos, era pelo cara carinhoso, atencioso, sorridente e protetor. Eu me sentia protegida só por ter sua presença.

Sacodi a cabeça me livrando daqueles pensamentos. Ele era o namorado da minha irmã, ele queria a ela e não a mim. Eu sou e sempre serei sua amiga, sua melhor amiga. Não era certo vê-lo daquela forma, não era certo duas vezes: por ele ser o namorado da minha irmã e por ele ser meu melhor amigo.

— O que foi? — Ele me olhava. Os ombros estavam caídos e a cabeça estava baixa.

— Sobre ontem... — eu queria falar sobre nós dois. Sobre como eu me sentia bem em seus braços e como ele conseguia acalmar o furacão de sentimentos dentro do meu peito, mas não falei. Abri um sorriso frouxo ao me lembrar do momento e mais uma vez balancei a cabeça em sinal negativo.

O Amor dos Meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora