Capítulo 22

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Términos

Anna

Muito pior do que se declarar para alguém e ser rejeitado, é ser rejeitado antes mesmo de ter a oportunidade de se declarar. Tudo o que você gostaria de dizer, mas não pode, transforma-se em um grande nó na garganta, dói internamente tanto quanto externamente e um desejo sombrio toma a alma.

Foi isso que, descobrir o que eu sentia por Guilherme, acabou me causando. Eu sabia o que sentia e sabia que não podia dizer. Se eu falasse para ele tudo o que estava me atormentando, as coisas poderiam mudar de mau para pior.

Desejar o seu melhor amigo é algo triste, pois ele te tratará como alguém importante, mas não como a única. Desejar o seu melhor amigo que é namorado da sua irmã é triste e desleal. É o tipo de coisa que não se cogita fazer e que vem me torturando faz dias.

Há uma grande diferença entre paixão e desejo, eu conhecia bem os dois sentimentos. Eu estava apaixonada, perdidamente apaixonada, e Guilherme era o alvo desse sentimento tão genuíno. Então Francis apareceu, com aquele corpo lindo, aqueles olhos tentadores e aquelas mãos ágeis, fazendo-me suspirar de desejo.

Era impressionante como dois sentimentos tão distintos podiam causar tanto estrago à uma pessoa só.

Eu sabia que não poderia incluir Francis na minha vida nesse momento tão conturbado, principalmente levando em consideração o fato de ele ter um caso com A Megera. Por isso, meus dois últimos neurônios saudáveis me diziam que era loucura pensar em Francis nesse momento, mas era exatamente o que eu fazia.

Acontece que dois neurônios saudáveis não fazem verão. Além disso, a parte doente do meu cérebro, que estava terminantemente unida ao meu coração burro, não cansava de afirmar que a minha melhor chance de sair dessa situação com Guilherme, era me jogando de cabeça em Francis.

Eu queria um conselho, queria ouvir de alguém o que eu deveria fazer. Eu sabia que não era certo usar Francis daquela maneira, mas eu precisava. Também não seria nenhum sacrifício para ele, modéstia à parte.

Entrei no banho, meus pensamentos fervilhavam e eu podia jurar que estava saindo fumaça da minha cabeça, mas decidi aceitar que era devido à água quente do banho. Eu me sentia estranha, não que sexo fosse um tabu para mim, mas a forma como aconteceu, aquele desejo carnal e egoísta, isso era novo para mim.

Em todo momento, eu acreditei que sexo só se fazia com sentimento, seja o mínimo possível. Que era algo mútuo, uma doação generosa de ambas as partes. Porém, o que aconteceu naquela pequena saleta, com toda aquela poeira, suor e hormônios, não foi uma doação mútua, foi eu e meu desejo egoísta. Um momento de necessidade grotesco e primitivo.

Decidi que a culpa era de Francis. Sim, pois é bem mais fácil apontar o dedo a se identificar como culpado. Francis apareceu, com aquela vibração majestosa, aquela magnitude e um pênis, no momento exato do meu ápice de carência. Ele provocara a onça com vara curta, o que mais ele esperaria?

Enrolei-me na toalha com a pele e os cabelos úmidos, caminhei até o quarto e fechei a porta. Tudo ali parecia parado no tempo, era incrível como nada ali mudava e como isso me deixava em paz. Caminhei até o guarda roupa, tirei de lá uma calcinha de renda preta e um sutiã igualmente de renda preta. A noite estava quente, então decidi pelo conjuntinho azul leve.

Sequei o corpo e o cabelo antes de vestir a roupa, pois não queria que ele molhasse tudo depois. Eu havia acabado de vestir minhas peças intimas quando a porta se abriu e Guilherme entrou. Ele me olhou de cima a baixo, antes que eu pudesse correr para me esconder na toalha.

O Amor dos Meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora