Capítulo 50

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Anahí acordou aos poucos na manhã seguinte. Estava preguiçosa demais, confortável demais. O som da chuva mantinha no limiar do sono, e era agradável. As lembranças da noite anterior passaram na sua mente como um filme, e ela sorriu de canto consigo mesma, se espreguiçando. Alfonso, que tinha mania de acordar cedo, já havia tomado banho, escovado os dentes, se barbeado, pedido o café, mas descobrira um interesse fascinante em observá-la dormir. Ela notou a presença dele ali e a mão buscou a camisa dele descuidadamente, segurando-a de leve, o que o fez sorrir. Estava assim, parado, assistindo o espetáculo em si que ela era, vendo-a indecisa na preguiça, sem saber se valia a pena ou não acordar, se esticando e suspirando, fazia umas meia hora, quando ela finalmente se espreguiçou, o rosto corando, os lindos olhos azuis pestanejando perante a luz.


Alfonso: Ora, olá. – Ela focalizou nele ali e sorriu, tímida. Ele se inclinou pra beijá-la e ela pôs o braço coberto na frente do rosto – O que há com você?


Anahí: Preciso escovar meus dentes. – Dispensou, e ele ergueu a sobrancelha – Limites, meu velho. – Ele aceitou, se afastando.


Alfonso: Você está tão linda. – Disse, acariciando os cabelos dela, no travesseiro. Linda e inconsciente da própria beleza.


Anahí: E você está tão cheiroso. – Disse, manhosa, se chegando na direção dele.


Alfonso: Sou cheiroso. – Ela riu de leve.


Anahí: Vamos começar com isso de novo? – Ele chamou ela com o dedo, como um tom cumplice – O que foi, é segredo? – Ele assentiu, vendo ela se animar, aproximando o rosto.


Alfonso: Tomei banho com seu sabonete de bebê hoje. – Confidenciou, recebendo um tapa em retorno, o que o fez rir. Ela se sentou, se descobrindo meio dolorida. Ele observou, quieto.


Anahí: Que horas você acordou? – Perguntou, tirando o cabelo do rosto.


Alfonso: Faz tempo. – Disse, se recostando na cama – Pedi o café. – Ela o olhou.


Anahí: Estava me olhando dormir? – Ele sorriu, tranquilo.


Alfonso: Há um bom tempo. – Admitiu, satisfeito. Ela fez uma careta.


Anahí: Velho tarado. – Dispensou, se levantando. Ele riu.


Alfonso: Ei, volte aqui. Aqui é bom. – Ela riu, fazendo biquinho pra ele – Vamos, volta aqui. Faz meia hora que você estava decidindo se acordava ou não, agora já quer desbravar o mundo? – Perguntou, olhando-a.


Anahí: Você é ridículo. – Dispensou, retomando seu caminho. Parou no caminho do banheiro e o olhou, o olhando, o rosto tingido pelo atrevimento, e ele sorriu de canto, esperando o afronte. Ela ergueu o roupão, mostrando a poupa da bunda quase toda exposta pela calcinha de renda e se dando um tapinha. Ele deitou a cabeça no ombro, sorrindo, satisfeito – E pare de se queixar, velho babão.


Ela foi pro banheiro, se olhando no espelho. Se sentia totalmente diferente, como se algo tivesse mudado em definitivo, algo sério, mas estava exatamente igual. Os lábios meio inchados, ok, o pescoço meio irritado, o que sumiria em algumas horas, mas era ela. Escovou os dentes, checou a calcinha (ficou feliz ao ver que não sangrara quase nada, só uma gotinha), deu fim ao absorvente, se lavou, lavou a mão e o rosto e voltou pra cama. Ele brincava com a renda da fronha do travesseiro dela.

Como Eu Era Antes de VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora