Anahí acordou com o som de um telefonema na manhã seguinte. A mãe falava na outra sala, e o som era baixo, mas se acostumara ao silencio mortal de casa, e acordou mesmo assim. Se encolheu na cama, se sentando, e aproveitou o tempo para se adaptar a nova realidade. Os últimos acontecimentos vieram com força total a sua cabeça e o tempo sozinha, no silencio, foram bons pra ela; precisou colocar sua cabeça no lugar, se reorganizar.
Mary: Sei disso, querido. Sei que prometi voltar hoje, mas houveram imprevistos. No final da semana, sem falta. – Anahí suspirou, tirando o cabelo do rosto.
Não se arrependia do que fizera. Não fizera por Alfonso. Olhou a janela do quarto, observando as trancas. A janela tinha trancas, e o fato disso a aliviar significava que tomara a decisão certa. Não podia voltar pra casa.
Alfonso estava em regime aberto. Não devia ser grave, mediante a tranquilidade com que ele e Nate receberam a notícia. Procuraria saber. Cristo, Madison fora envolvida naquilo. Passaram a noite presos. Precisava falar com Kristen. Precisava reagir pra vida. Recebera o dia livre do colégio, mas precisava prestar provas amanhã. Tinha muito o que fazer hoje, e o relógio estava contando.
Mary: Bom dia. – Ela pestanejou, vendo a mãe entrar – Eu pedi café da manhã.
Anahí: Bom dia. – Disse, encolhendo as pernas.
Mary: Tenho o habito de acordar mais cedo. Lhe comprei algumas roupas. – Comentou, abrindo as cortinas.
Anahí: Pare com isso. – Murmurou, exasperada.
Mary: Chegaram intimações. – Anahí piscou – Marcaram a audiência de sua emancipação já para sexta agora. – Comunicou.
Anahí: Ótimo. Quanto mais cedo, melhor. – Aceitou, passando a mão no rosto.
Mary: Tem algo que você queira, e que eu já possa providenciar? – Perguntou, se sentando na cama de Anahí.
Anahí: Entendo sua depressão quando eu nasci. – Comentou, tirando os cabelos do rosto. Acordava sempre com a franja fugitiva pro lado do rosto e os cachos rebeldes – Mas você teve outros filhos. A depressão veio com eles também?
Mary: Não. Só com você. – Anahí assentiu – Quando meus filhos vieram, eu já tinha minha vida totalmente estruturada, emocional e financeiramente. Eu me senti feliz. – Anahí assentiu.
Anahí: Você sentiu minha falta, alguma vez desde que foi embora? – Perguntou, observando-a.
Mary: Me senti muito culpada. Você era só um bebê, não tinha culpa por eu não conseguir cumprir meu papel. – Admitiu – Mas falta não. Senti alivio. – Anahí respirou fundo.
Anahí: Durante os anos que vieram, nunca houve nem curiosidade...? Nada? – Perguntou, quieta.
Mary: Não. Eu disse no tribunal, eu construí uma vida. Um marido, uma profissão, filhos. Nunca houve espaço pra amor por você nessa vida. – Anahí assentiu. – Eu não queria vir, Anahí. Meu marido não queria que eu viesse. Eu só vim porque o doutor Archibald foi... Impossivelmente insistente. – Anahí sorriu de canto.
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Como Eu Era Antes de Você
Hayran KurguEstreia sábado, 16 de Fevereiro. --* Obra original, completa e revisada para leitura. Não disponível para download ou adaptações. Todos os direitos reservados.