Capítulo 32

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Era pior do que Anahí pensava. Beirava o que Nate avisou. Havia imprensa do lado de fora do fórum, e pessoas estranhas com cartazes. Ela caprichara no que podia: Os cabelos estavam perfeitos, os olhos delineados por uma maquiagem fraca, porém que ressaltava o olhar azul. Viu todo aquele espetáculo por dentro do carro, se encolhendo brevemente, os vidros fumê protegendo-a dos olhos curiosos.


Dentro do fórum as coisas estavam mais pacificas. Viu Alfonso de longe, vestindo um terno preto e uma camisa branca, cercado pelos outros. Trocaram um olhar breve, mas ela ficava em separado a ele. Alexandre e o advogado conversavam fervorosamente, mas ela apenas esperava no corredor, vendo as pessoas chegarem.


Pessoas conhecidas. Vizinhos, professores, funcionários do hotel. Amigos. Henry chegou primeiro, estranho em uma roupa social (ela se acostumara a vê-lo sempre à vontade, casual) e Kristen em seguida. Usava um sobretudo preto, a bolsa pendurada do lado. As duas se olharam, mas nada foi dito.


Após algum tempo foram levados ao tribunal em si. Era uma sala de paredes de madeira, com uma breve disposição de cadeiras para expectadores. Cem pessoas, talvez? Cento e cinquenta? Havia um cercado de madeira, separando o local, e depois dele um grande espaço vazio, entre o cercado e o lugar onde o juiz ficava. Anahí já vira aquele cenário diversas vezes em filmes; nunca quis estar em um.


Haviam duas mesas perto do cercado, acusação e defesa, ela supôs. Na bancada havia um ponto mais alto, onde o juiz ficava, bem no centro, na lateral esquerda o posto do escrivão, na direita, mais baixa, a cadeira onde as pessoas testemunhavam. Na direita do tribunal havia um cercado com cerca de vinte cadeiras, agora vazias: O cercado do júri.


Atrás da mesa do juiz havia um letreiro enorme, feito de madeira da mesma cor que o resto, onde se lia em caixa grande: "AS LEIS FIZERAM-SE PARA OS HOMENS E NÃO PARA AS LEIS".


Kristen: Venha comigo. – Pediu, séria, fazendo sinal e Anahí franziu o cenho.


Anahí: Eu vou ao banheiro. – Anunciou, se levantando. Alexandre a olhou, irritado – Ainda posso fazer isso, não é? – Perguntou, irônica.


Kristen a esperava no banheiro, impaciente. Ela entrou, um questionamento obvio no olhar, mas a outra só abriu o sobretudo. Por baixo vestia a camisa ameixa, o jeans e os louboutins. Começou a se despir sem maiores explicações e Anahí sorriu, respirando fundo.


Kristen: Trouxe porque são suas roupas. – Avisou, se despindo e passando as roupas pra ela – Mas não concordo com nada disso, Anahí. – Concluiu, abrindo a própria bolsa onde havia um vestido preto, simples, dobrado esperando.


Anahí: Obrigada. – Disse, rouca, se trocando.


Jogou a roupa velha na lixeira do tribunal. Kristen não ficou para ajudá-la, ou para espera-la, mas não fazia mal. Se trocou, abotoando a camisa social, se encarando no espelho. Subiu nos saltos e ajeitou os cabelos uma última vez, checando a maquiagem. O reflexo no espelho mostrava uma mulher impecável e segura de si. Perfeito.


Quando voltou ao tribunal, esse já havia enchido mais que a metade. Houveram flashes quando ela passou, mas ela ignorou com tranquilidade, voltando pro seu lugar. Nate usava sua vestimenta de advogado: Lembrava um vestidão preto, de mangas, e tinha uma cinta verde em cima da barriga. A ideia a fez querer rir, mas ela se conteve. Ele a olhou chegar, aprovando-a com o olhar e ela voltou pra mesa da acusação, onde o pai a olhava com algo que beirava nojo.

Como Eu Era Antes de VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora