Como Eu Era Antes de Você

Capítulo 56

Clair dormiu pouco aquela noite. Quando ele acordou na manhã seguinte, avisou a ela do brunch e ela seguiu onde estava. Apenas assentiu. Disse que tinha uma breve enxaqueca, mas que já ia. Ele saiu antes.

Anahí dormia esparramada na cama, o rosto no peito de Alfonso, as peles nuas contrastando. O clima estava gostoso, a cama confortável... Mas o celular não parava de vibrar. Acordou os dois. Ela afundou o rosto no peito dele. Não era o dela, não tinha ninguém pra ligar pra ela. Ele se esticou, apanhando o celular na cabeceira da cama pra desligar, mas desistiu ao ver o nome no visor.

Alfonso: O que houve, passarinho? – Perguntou, rouco – Ei, calma. – Disse, virando o rosto pra procurar um relógio. Anahí piscou, confusa – Você está machucada? Ótimo. É claro. – Ele se soltou de Anahí com cuidado, dando um beijo na testa dela, antes de se levantar.

Anahí: Ela está bem? – Perguntou, preocupada, se sentando. Alfonso negou com o rosto.

Alfonso: Certo... Entendi. Não, eu realmente não sei de Madison. Está em algum lugar pelo hotel com Christopher, mas eu não sei. – Disse, apanhando a cueca no chão. – Eu entendi. Clair... – Ele suspirou, se sentando, os olhos parecendo consternados. Anahí se aproximou. Conseguia ouvir um zumbido da voz de Clair no telefone – Eu preciso que você me passe qual a localização dos Hamptons onde você se encontra. – Anahí se adiantou na cama, voltando com um bloquinho de papel e uma caneta.

Anahí: Aqui. - Ele assentiu, rabiscando algo rapidamente.

Alfonso: Peguei. Agora me escute. – Disse, sério – Você não tem motivos pra ser humilhada por ninguém; pelo contrário, você tem poder pra esmagar as pessoas. Erga o queixo, como Madison a ensinou, como você fez a vida inteira, e não deixe ninguém te olhar de cima. Não deixe o nervoso nublar sua mente. Você está longe, mas não está sozinha. Você nunca mais vai estar sozinha. – Disse, a voz clara – Madison não está aqui, mas eu estou. Esteja pronta em meia hora. – Finalizou, e a ligação acabou.

Anahí: Deu tudo errado, não foi? – Perguntou, vendo ele mexer no celular, buscando alguma coisa.

Alfonso: Nathaniel é um imbecil maior do que eu pensava. – Rosnou, irritado, se levantando.

Anahí: Você vai buscar ela? – Perguntou, vendo ele discar os números, e ele negou com o rosto – Alfonso, o que ela vai fazer?! – Perguntou, preocupada, se enrolando no edredom pra ir atrás dele.

Alfonso: Fazer o que os pássaros fazem. – Disse, pondo o telefone na orelha – Voar. – Resumiu.

Clair se penteou e maquiou como ela mesma, na sua versão mais original aquela manhã. Os cachos estavam livres, selvagens como gostavam de ser, caindo em uma cascata dourada nas costas. Usava o único jeans que levara, seus sapatos de salto e uma blusa vermelha com um decote meia taça, as costas nuas. Nada que um brunch pedisse.

Clair: Ai está você. – Murmurou, se olhando no espelho.

Revirou aquela mala, mas só tinha lixo de cetim e cores frias e lenços naquela porcaria, fora sua jaqueta preta, que ela separou. Aquela era a roupa que ela separara pra ir embora, ironicamente. Retocou o rímel dos olhos e um pouco de gloss na boca. Estava pronta. Não sabia como Alfonso ia chegar em meia hora, mas se ele disse meia hora, era meia hora. Passou a mão no cabelo por habito, agitando os cachos por mania. Desceu a escadaria franzindo o cenho pro sol, e atravessou o gramado de queixo em pé, ignorando a falta de estabilidade dos saltos afundando na grama, a jaqueta jogada em cima de um ombro. Foi notada a distancia; destoava de tudo ali. Nate arregalou os olhos, sentado onde estava, vendo ela se aproximar. Ela colocou a jaqueta na cadeira, se sentando.