Capítulo 04

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Era pra ser só um beijo de contenção. Como um daqueles tapas que você dá na cara de uma pessoa histérica pra fazê-la enxergar a realidade e se acalmar. Só isso. Mas ela reagiu totalmente fora do que ele esperava; ela era uma criança, mas reagiu como uma mulher devia reagir. Tirou a ação dele por um momento. Estava um pouco fria, provavelmente pelo estresse e pelo susto, e se retesou no primeiro momento, mas então ele sentiu as mãos dela agarrando a camisa dele e retribuindo... Retribuindo como um beijo devia ser retribuído, com vigor, com gana, com vontade. Sem pensar, pelo puro instinto, ele passou um braço pela cintura dela, ajeitando-a em seu peito, fazendo-a oscilar na direção dele, pequenina que era, e ela arfou, sentindo os lábios dele se tornando mais exigentes, como que mais gananciosos, mais agressivos.


Você é especial, uma original

Porque não parece assim tão simples...


Tudo ali era novo. Não havia inexperiência ou nada disso. Ele sabia exatamente o que estava fazendo e como fazer. O toque era firme, ele cheirava a loção pós-barba e algo leve de colônia masculina. O cérebro dela não estava funcionando; entrara em curto. Estava agarrada a camisa dele, tecido caro, macio ao toque, e sentiu o braço dele envolver a cintura dela, esmagando-a contra o peito dele. Ela era pequena o suficiente pra caber perfeitamente ali e a sensação foi... Curiosa. Num sentido bom. Soltou uma das mãos, subindo pelo rosto dele, sentindo a barba por fazer e entrando pelos cabelos dele. Estranho, em todos esses dias nunca pensara em tocar os cabelos dele, mas agora era importante. A boca dele tinha gosto de algo amargo e ao mesmo tempo lembrava uvas. Inebriava ela. A língua dele buscava a dela e, apesar do fato de a respiração estar cada vez mais precária, ela sentia que era de extrema importância que aquele contato não se perdesse.


E eu não posso evitar olhar

Porque eu vejo verdade em algum lugar dos seus olhos.


Então os dois cambalearam, ele erguendo as mãos e levando aos cabelos dela, os dedos cheios dos cachos dela, freando o beijo tão bom. Os dois levaram um instante recuperando a respiração, as testas coladas, ela de olhos fechados e ele com os olhos abertos, observando-a, até que ela o olhou.


Anahí: Por que você fez isso? – Perguntou, rouca, parecendo ainda menor.


Alfonso: Pra você ver que você é perfeitamente capaz de atrair qualquer homem a sua volta, e isso não seria favor nenhum. – Respondeu, gentil, soltando os cabelos dela com cuidado – E você ainda está amadurecendo. Vai se tornar uma mulher linda, eventualmente.


Anahí: Eu... – Tentou, organizando a mente enquanto ele se afastava.


Alfonso: O que há em você que um homem possa não querer? – Devolveu, piscando em retorno. Ela sorriu, abaixando o rosto.


Eu nunca poderia mudar sem você.

Você me reflete, eu amo isso em você

E, se eu pudesse, olharia pra nós o tempo inteiro.


Anahí: Obrigada. – Agradeceu, finalmente tendo se acalmado.


Como Eu Era Antes de VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora