Sábado

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Tzuyu correu para a porta após ouvir o som estridente da campanhia. Sentia o corpo pesado e os dedos da mão se desfazendo em suor. Ouvia o pai em uma conversa animada com a irmã sobre um novo estágio.

Abriu a porta com certa rapidez, fruto de sua ansiedade. Sana sorriu para si de maneira graciosa. Usava uma camiseta vermelha larga customizada por ela mesma, uma calça jeans colada rasgada no joelho direito e nos pés um all star branco cheios de desenhos feitos com canetinha preta, sem contar a gargantilha preta no pescoço. Nas mãos, uma sacola de mercado.

Absolutamente linda. Era o que Tzuyu achava.

A verdade é que Sana se vestia de maneira mais apropriada quando era obrigada a usar o uniforme da escola. E para muitos, aquele visual que usava agora seria de alguém desleixado, mas para a mais nova, era perfeito, assim como ela. Admirava isso em Sana, essa despreocupação com o que os outros iriam achar dela.

Muito diferente de si.

Tzuyu preocupava-se com tudo ao seu redor. Era difícil até respirar próxima aos outros, pois temia que sua respiração fizesse algum som estranho que pudesse incomodar os outros. Tudo era um desafio. Comer, rir, conversar, espirrar, tossir, andar, existir... A mais nova temia o que os outros poderiam pensar sobre seus atos. Talvez por isso preferisse roupas de cores neutras, para passar despercebida.

Mas Sana nunca passava despercebida. Até o espirro da mais velha chamava atenção. Estar ao lado de Sana a fazia, necessariamente, ser percebida, mas isso não a incomodava, já que, estar perto daquela que não só lhe rouba o sono mas também está sempre em seus pensamentos, a confortava. Mas, de certa forma, o jeito como Sana se vestia e se portava, preocupava Tzuyu. O que seu pai, um homem cheio de rigideza e pré-julgamentos, pensaria de uma amiga tão barulhenta e desastrada? Definitivamente, em sua concepção, Sana havia escolhido o pior modelito para conhecer seu pai.

— Cadê seu pai? — Sana estava animada. Ela era estranha. Quem, em sã consciência, estaria animado para conhecer o severo Chou? Somente Sana e seu jeito peculiar.

Sana entrou toda serelepe, direto para a cozinha, enquanto Tzuyu fechava a porta de entrada. Em seguida, adentrou a cozinha e quase gelou quando viu – e ouviu – Sana se apresentando para seu pai, que mantinha um olhar sério, apesar do sorriso pequeno.

— Trouxe chocolates para o senhor — entregou a sacola repleta de bombons de baixo valor comercial — Depois que comprei é que pensei que não sabia se o senhor era diabético ou se gostava de chocolates.

— Muito obrigado pela gentileza — olhou para os bombons dentro da sacola — Não sou diabético e gosto de um docinho no meu dia-a-dia, fique a vontade.

— Antes de me sentar, peço sua permissão para abraçar e beijar sua esposa. — definitivamente Sana era maluca. O mais velho consentiu com um manear de cabeça e, quase saltitante, a amiga faladora se aproximou de sua mãe, deixando-lhe um beijo sincero na bochecha e um apertado abraço ao redor de seu corpo, recebendo um beijo na testa e um sorriso maternal como resposta.

Tzuyu entrou na cozinha ainda quieta e se sentou duas cadeiras depois do pai, na mesa de jantar de seis pessoas.

— Você deve ser a irmã da Tzu, né?! — Sana se dirigiu para a garota mais velha sentada.

— Sim — a irmã se levantou e estendeu a mão — Sou Mina, praz-

Foi interrompida por Sana que a puxou para um abraço, deixando a mais velha totalmente surpresa.

— Obrigada por emprestar o videogame, Mina! — disse antes de sentar-se ao lado de Tzuyu, deixando Mina com uma cara confusa, fruto do fato de não saber que a mãe emprestava o videogame para as garotas jogarem.

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