A apresentação

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Segunda-feira, dia par.

Ou também, o dia em que a apresentação aconteceria.

Desde domingo passado, Tzuyu vem treinando incansavelmente o seu discurso. Sempre com a ajuda de Jihyo, Chaeyoung, Dahyun e Sana. A última nem tanto.

Sana, como líder do Grêmio Estudantil, vinha andando muito ocupada com toda a preparação necessária para a apresentação. Era ela a responsável por tudo. Por isso, sua participação no treino foi pouca, quase nada.

E foi por parte da japonesa – e o coordenador que passou em sua sua sala avisando – que descobriu que não seria apenas uma simples apresentação, e sim um grande evento aonde todas as turmas, matutinas e vespertinas, iriam participar. Teria apresentações de dança, canto, teatro e inúmeras outras coisas.

E isso, claro, acabou com toda a sua confiança que havia adquirido nesses dias.

Acordou um pouco tarde nesta segunda, fruto de sua noite mal dormida se remoendo sobre o dia que viria. Tomou seu banho calmamente e pegou na mão o uniforme dobrado e já passado em cima de uma cadeira no canto da sala. Tudo sem pressa.

Por ser um dia tão especial, não teria aula normal e a escola abriria às 15h00 da tarde.

Observou o uniforme, suspirando fundo. Por ser um evento escolar, na última sexta havia sido distribuído entre os alunos uniformes personalizados e um crachá redondo com o nome da escola e o seu próprio.

Achou aquilo a coisa mais ridícula inventada.

Porém, sem escolhas, o vestiu.

Duas batidas suaves na porta acabou com o silêncio predominante no quarto e Tzuyu soube na hora que se tratava da irmã mais velha. Já que sua mãe simplesmente entrava sem bater e seu pai nunca ia ao seu quarto.

— Pode entrar, Mina. — disse, notando uma leve rouquidão em sua voz.

A dita abriu a porta de maneira calma, deixando amostra seu sorriso gracioso.

— Vim ver como está minha irmã mais querida.

— Eu sou sua única irmã. — rebateu, pegando o crachá e o analisando.

Mina bufou, entrando por completo no quarto e sentando-se na ponta da cama.

— Como se sente? — perguntou, ignorando o comentário da mais nova.

Tzuyu ponderou por alguns segundos entre contar a verdade ou mentir. Porque apesar da aproximação gritante da irmã de si, ainda não sentia-se completamente confortável para falar do seu medo absurdamente ridículo de falar em público. Então, resolveu não preocupar a mais velha com seus problemas infantis.

— Normal. — deu de ombros, prendendo o crachá no tecido da camisa.

— Não minta.

— Não estou.

— Está sim.

— Não estou.

— Você está.

— Não, eu não estou.

— Sim, você está.

— Eu já disse que não estou.

— Mas eu tenho certeza que você está.

As duas irmãs lutavam uma batalha árdua de olhares, vendo qual iria ceder primeiro. E as duas sabiam que quem cedesse era a certa na pequena discussão iniciada por um motivo bobo.

E Tzuyu queria muito ganhar, queria muito conseguir encarar as orbes castanhas sem medo e provar para a irmã que não estava mentindo, mesmo que estivesse. Mas não conseguiu, acabou por desviar o olhar para baixo em vergonha. Era óbvio que isso aconteceria, Mina conseguia bater de frente com seu pai, afinal.

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