Compensação

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— Sana, você tem certeza?

— Eu já disse que sim, Tzu.

— Sério, se você quiser a gente vai embora.

— Chewy, relaxa! Eu quero isso.

— Sannie...

— Meu amor, eu já disse, está tudo bem. Vamos fazer isso.

Tzuyu suspirou inquieta e olhou mais uma vez para a porta da sorveteria. Não achava aquilo uma boa ideia. Definitivamente não era uma boa ideia. Olhou para a japonesa sentada a sua frente, odiava como ela estava tão tranquila.

Não deveria ter aceitado essa situação, devia ter argumentado mais. O que não resolveria também, afinal, Sana é insistente.

Depois de alguns dias da briga, Sana estava agindo de forma cada vez mais estranha. Sempre sendo carinhosa ao extremo, fazendo todas as suas vontades e a tratando como uma verdadeira princesa. Não que ela não fizesse isso antes, mas agora era mais intenso. Apenas não reclamou, gostou até da ideia de Sana depositar toda sua atenção em si. Mas só não esperava que a japonesa, em um dia qualquer de aula, parasse Guanlin e o convidasse para um sorvete com as duas.

Ah, Tzuyu lembrava bem do seu coração disparado e seus olhos arregalando.

E como Guanlin não conhecia muito bem as duas estrangeiras, perguntou se poderia chamar Yuta junto. Sana perguntou baixinho em seu ouvido se poderia, e Tzuyu estava tão chocada que apenas assentiu.

E agora, ali estavam. Sentadas numa mesa em uma sorveteria, esperando a chegada dos dois rapazes.

Sana percebendo o nervosismo da outra riu e juntou ambas as mãos.

— Está tudo bem, amor. Eu juro!

Outra coisa, agora Sana a chamava de amor. E Tzuyu percebia, percebia e sabia que a mais velha fazia isso apenas para a deixar envergonhada. Ato esse que sempre deixava a taiwanesa de bochechas vermelhas, principalmente quando era chamada assim em lugares públicos, com risco de qualquer pessoa escutar e entender errado. Ou entender certo.

Tzuyu não conseguia entender a necessidade desse "encontro". A briga que tiveram foi por um motivo, e agora que se resolveram, iriam tomar sorvete com esse motivo?

Não que a Chou não quisesse sair com Guanlin, queria muito, na verdade. Sentia que deveria se aproximar do garoto, assim como sentiu seu coração errar uma batida no primeiro dia que viu Sana, anos atrás. Mas de forma alguma, queria por sua relação secreta em risco.

— Eu sei, mas... tem certeza? — tentou mais uma vez — A gente pode ir lá pra casa e jogar, não é melhor?

— Você está com medo. — Sana afirmou, sorrindo fechado para a garota.

Engoliu em seco com o olhar que a mais velha a lançou, como se ela conseguisse ler toda sua alma e pensamentos.

— Eu estou. — admitiu, não tinha como esconder nada da japonesa, ela sempre sabia.

— Pois não deveria. A não ser que você realmente queira ir embora, se for esse o caso a gente vai agora mesmo. Mas como eu sei que não é, só relaxe.

Tzuyu assentiu, resolvendo seguir o conselho de seu amor.

O sininho na porta indicou quando ela foi aberta, e por lá passaram os dois garotos sorridentes. Ao avistarem as meninas, foram rapidamente até lá.

— Ei, desculpem a demora! — Guanlin se apressou em dizer, olhando meio receoso para a japonesa.

— Não se preocupa isso. Vamos pedir? — Sana disse sorrindo, já se levantando.

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