Lágrimas derramadas

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— Eu já disse, nada é por acaso. — Sana falou mais uma vez, terminando de tomar seu suco de morango enquanto se levantava da cadeira onde estava sentada.

— Sana, isso não faz o mínimo sentido! — Tzuyu rebateu sorrindo, pegando a jarra de suco e a guardando na geladeira.

E novamente, as duas discutiam sobre algum tópico bobo e idiota. Sana insistiu após terem falado a mesma palavra juntas que aquilo era o destino deixando claro que eram perfeitas uma para a outra e Tzuyu, claro, discordava disso e manteve sua opinião de que era apenas uma coincidência.

— Mas é claro que faz! Isso se chama destino — disse com um sorriso debochado, aproximando-se da escada que dava ao andar superior — Meninos, vamos!

Passos apressados foram escutados e logo duas crianças agitadas desceram as escadas correndo. Ambos já com o uniforme da escola em que estudavam e as mochilas de algum anime nas costas. A Minatozaki reparou na hora nos tênis desamarrados.

— Vão lá com a tia Tzu que ela vai amarrar o cadarço de vocês, ok? Eu tenho que terminar de me arrumar. — Sana falou, agachando-se na altura dos garotos, para logo se erguer novamente e subir para seu quarto.

Heechul e Taemin foram animados até a cozinha, aonde a taiwanesa já uniformizada lavava os pratos. O mais velho dos meninos foi até a mais alta e puxou levemente a barra da saia dela, tentando chamar atenção.

Tzuyu virou-se curiosa e sorriu pequeno ao ver os dois pestinhas. Era incrível a semelhança deles com Sana, tanto em em aparência, tanto em personalidade.

— Sim?

— A gente não sabe amarrar o tênis ainda... — Heechul falou envergonhado.

Tzuyu riu, concordando com a cabeça. Terminou de lavar o prato e secou ambas as mãos com um pano que achou pelo caminho. Colocou o mais novo sentado na cadeira e chamou Heechul para aproximar-se.

— Você quer aprender a como amarrar um cadarço? — perguntou, motivada a ensinar o menino a realizar uma tarefa tão simples como aquela.

Nessa idade, já amarrava os próprios tênis a séculos! Agora não sabia dizer se havia aprendido cedo demais, ou os meninos estavam atrasados demais nisso. Até porque, Sana tem coisas mais importantes do que ensinar duas crianças a amarrarem cadarços.

— Sim, por favor! — exclamou animado, fazendo os olhinhos brilharem.

— Certo, é bem fácil... Você sabe fazer um nó? — o menino assentiu, focado nas mãos da mais velha — Então você faz um nó... — fez um nó em um dos tênis do Max Steel — E essa parte você tem que prestar muita atenção!

— Sim, tô com muita atenção!

E ele de fato estava. Seus olhos quase arregalavam de tanto que ele encarava o tênis. Tzuyu sorriu com isso.

— Agora nós iremos fazer as orelhas de um coelho.

— Um coelho? — perguntou confuso, não sabia o que um coelho teria a ver com aquela tarefa.

— É, um coelho. A gente pega cada parte do cadarço e dobra assim, viu, duas orelhas de coelho! — Heechul riu, assentindo — Agora, você faz assim, passando o coelho pela toca e... pronto! Cadarço amarrado. Agora você tenta fazer o mesmo no outro tênis.

Heechul ficou nervoso e aproximou-se mais, sussurrando várias vezes para si mesmo que aquilo seria mais fácil do que ganhar no pique-esconde. Primeiro fez um nó, e então tentou se lembrar de cada passo que Tzuyu o ensinou. Fez as duas orelhas de coelho com dificuldade e errou um pouquinho, mas logo foi corrigido gentilmente pela garota. Ele errou mais algumas vezes e isso o estava deixando agitado, mas Tzuyu com toda paciência do mundo explicava como deveria ser feito. Heechul suspirou, passando o coelho pela toca.

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